12 Outubro 2011
Em menos de três semanas, no próximo 27 de outubro, Bento XVI viajará para Assis para celebrar o 25º aniversário do primeiro encontro inter-religioso de oração pela paz.
A reportagem é de Jean-Marie Guénois, publicada no sítio Vatican Insider, 11-10-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Desejada por João Paulo II, a iniciativa havia perturbado alguns ambientes católicos, começando com o cardeal Ratzinger, preocupado com o risco de "sincretismo", forma religiosa que mistura doutrinas em que tudo parece estar no mesmo plano.
Dirigindo o olhar para o campanário de São Francisco, são muitas as pessoas que se alegram em ver Bento XVI seguir "finalmente" os passos do seu antecessor pelo árduo caminho do diálogo inter-religioso.
No entanto, o mesmo farol de pedras brancas gera críticas duras em outros. Particularmente, nos ambientes integralistas que consideram um "sacrilégio" ver o papa se rebaixar ao nível das outras religiões.
Seria melhor, no entanto, que confiássemos em Assis 2011. Esse "vinho", refinado pela maturação do tempo, poderia surpreender.
Alguns poderiam ficar fortemente decepcionados com a prudência de Bento XVI sobre o diálogo inter-religioso enquanto tal. Diálogo simpático no espírito, mas sem temáticas teológicas sérias.
Outros poderiam se tranquilizar pela reafirmação, sutil mas clara, da proeminência da revelação cristã sobre as outras religiões. Em linha direta com o documento Dominus Jesus – sequência distante mas certa do primeiro encontro de Assis –, publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé, da qual o cardeal Ratzinger era prefeito. Esse texto reafirmava o primado de Cristo e da Igreja Católica a despeito dos protestantes.
Outros ainda, por fim, não ficarão surpresos ao perceber que o novo eixo, proposto por este papa, não é tanto o diálogo entre as religiões, mas sim o diálogo entre as culturas resultantes dessas religiões. Uma diluição consideravelmente importante.
Quando se dissipa, a névoa da Umbria, a região de Assis, não revela necessariamente o clima esperado.
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"É melhor confiar em Assis 2011" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU