Evo pede desculpas pela repressão policial

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

01 Outubro 2011

O governo de Evo Morales se encontra entre a espada e a parede. Encurralado pelas reivindicações do movimento indígena e pela Central Operária Boliviana, o mandatário boliviano renovou o seu pedido de desculpas pela violenta repressão de domingo, quando um grupo de indígenas se manifestava contra a construção de uma estrada que cruzará o coração da maior reserva da Bolívia. "Novamente quero dizer as famílias vítimas da repressão que nos perdoem. Quero que saibam que não houve nenhuma ordem e jamais pensamos que isso pudésse acontecer, dói bastante", lamentou Morales, segundo o jornal boliviano La Razón.

A reportagem é do Página/12, 30-09-2011. A tradução é do Cepat.

Nem as desculpas e nem a renúncia do seu ministro de Governo acalmaram o ânimo dos manifestantes. A COB até faz pouco tempo aliada estratégica do governo, exige agora a renúncia dos ministros de Relações Exteriores, Presidência e Transportes e definirá hoje se convoca ou não novas medidas de pressão. Além disso, a central operária se somou às massivas marchas e a greve convocada contra a ação policial para exigir que o governo cumpra com o seu compromisso de aumentar em 2% o salário de abril. "Se até sexta-feira [ontem] não houver uma resposta, continuaremos com as medidas de pressão. O povo está exaltado", advertiu Pedro Montes, secretário executivo da COB que puxou as manifestações.

O dirigente cívico de Potosí Celestino Condori disse que não descarta convocar uma nova greve, pois "nada do que nos prometeu foi cumprido". E se como tudo isso fosse pouco, no convulsionado cenário se soma o mal-estar das esposas dos policiais que reprimiram a marcha indígena. As mulheres anunciaram que haverá um motin policial no caso de seus maridos serem punidos. Guadalupe Cárdenas, representante da Associção de Suboficiais, Sargentos e da polícia, disse para a rede PAT que acontecerá protestos se as autoridades lavarem as mãos e responsabilizarem os policiais.

Um informe da fundação UNIR divulgou que entre janeiro e juno desse ano houve 689 conflitos na Bolívia, 413 mais do que no mesmo período de 2010 e 182 a mais do que no segundo semestre do mesmo ano. A situação econômica é o motivo principal dos conflitos.

Por sua vez, Pablo Solón, ex-representante de Bolivia nas Nações Unidas criticou a repressão aos indígenas. Também pediu a Morales que suspenda definitivamente a construção do caminho traçado e puna os responsáveis da ação policital. O vice-presidente boliviano, Alvaro García Linera, denunciou que houve "uma conspiração midiática" para promover protestos sociais e pediu responsabilidade e seriedade aos meios de comunicação e qualificou como "uma página negra" as falsas notícias sobre vítimas. García Linera afirmou que o tema central da marcha foi resolvido, pois o projeto foi suspenso até que se decida o seu futuro em um debate nacional.