O governo boliviano confirmou ontem que convidou a
Corte Interamericana de Direitos Humanos e a
União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para integrar a comissão que investigará a repressão policial contra a marcha indígena que se opõe a uma estrada que está sendo construída por uma empresa brasileira numa reserva indígena.
A informação é do jornal
O Estado de S. Paulo, 30-09-2011.
O vice-presidente
Álvaro García Linera disse que o governo já sabe quem foi o responsável pela ordem para atacar os manifestantes, mas vai esperar pela investigação da comissão.
O governo ainda suspendeu o depoimento de dois dos três ministros convocados para prestar declarações hoje no Parlamento. Os ministros da Presidência,
Carlos Romero, e de Obras Públicas,
Walter Delgadillo, integram as negociações com povos guaranis e não poderiam se ausentar do processo. Não foi confirmado o cancelamento do depoimento do novo ministro de Interior Wilfredo Chávez. Seu antecessor,
Sacha Llorenti, renunciou na segunda-feira depois de responsabilizar seu vice,
Marcos Farfán, que negou envolvimento na repressão e se demitiu.
Os índios marcham desde agosto em protesto pela construção da estrada que dividirá o
Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), obra da empresa brasileira
OAS, com recursos do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ontem, os índios confirmaram que vão retomar a marcha até La Paz nos próximos dias.
A repressão causou uma onda de manifestações contra o presidente Evo Morales e desatou uma crise em seu gabinete. Além de
Llorenti, a ministra da Defesa
Cecilia Chacón pediu demissão e criticou o uso da violência.
Na noite de quarta-feira,
Evo pediu perdão aos indígenas e prometeu descobrir quem são os responsáveis pela ordem dada aos policiais para atacar os manifestantes "sem discriminar crianças, mulheres, idosos e homens que se preparavam para jantar na noite de domingo".
Pesquisas indicam a queda de popularidade de
Evo, reeleito em 2009 com 64% dos votos. Segundo sondagem do instituto Ipsos Apoyo, divulgada antes do ataque contra a marcha indígena, o índice de aprovação tinha caído para 37% - o segundo menor desde o início do ano. Em fevereiro, chegou a 32% depois dos protestos contra o aumento do preço da gasolina. A reprovação do presidente é de 51%.
Manifestações em massa provocaram a saída dos presidentes bolivianos
Gonzalo Sánchez de Lozada (2003) e
Carlos Mesa (2005).
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Bolívia pede à Unasul que apure repressão a índios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU