Lefebvrianos: uma oferta do Vaticano para a reconciliação

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15 Setembro 2011

A Santa Sé está pronta para chegar a uma plena reconciliação com os tradicionalistas lefebvrianos, desde que estes aceitem os conteúdos de um breve "Preâmbulo doutrinal": é o que foi revelado sobre o encontro que ocorreu na manhã de hoje no Vaticano entre o cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e Dom Bernard Fellay, superior da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada por Dom Lefebvre.

A reportagem é de Alessandro Speciale, publicada no sítio Vatican Insider, 14-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Uma proposta tentadora para os tradicionalistas, que, em troca da aceitação daquela que é definida como a "base fundamental" para uma "eventual e desejada reconciliação", seriam acolhidos novamente na Igreja Católica com a fórmula da "prelazia pessoal" – uma estrutura canônica que até hoje só é desfrutada pelo Opus Dei, não ligada a um território específico e livre da supervisão dos bispos locais e da conferências episcopais.

O "Preâmbulo doutrinal" oferecido hoje aos lefebvrianos é um texto sintético, de duas ou três páginas, que reafirma os princípios fundamentais da fé católica necessários para manter a unidade da Igreja. Seu conteúdo, no entanto, disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, está destinado a permanecer secreto.

Em uma nota, a Sala de Imprensa da Santa Sé se limita a explicar que o texto "enuncia alguns princípios doutrinais e critérios de interpretação da doutrina católica, necessários para garantir a fidelidade ao Magistério da Igreja e o "sentire cum Ecclesia"", mas deixa "à legítima discussão o estudo e a explicação teológica de expressões individuais ou formulações presentes nos documentos do Concílio Vaticano II e do Magistério posterior".

O "Preâmbulo doutrinal" não parece conter, portanto, uma exigência explícita de "pleno reconhecimento do Concílio e do magistério de João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e do próprio Bento XVI", como foi afirmado pela Secretaria de Estado em uma nota de dezembro de 2009.

O encontro desta manhã ocorre depois de dois anos de discussões doutrinais que permitiram "esclarecer as respectivas motivações e as relativas motivações", destaca a Sala de Imprensa do Vaticano. O diálogo da Santa com os lefebvrianos havia sido reiniciado em 2009 pelo Papa Bento XVI com a sua decisão de cancelar a excomunhão aos quatro bispos tradicionalistas, incluindo o polêmico bispo Richard Williamson, que, em uma entrevista, havia negado o Holocausto.

Segundo o padre Lombardi, as conversas desta manhã foram "corteses" e "vivazes". A resposta dos lefebvrianos ao documento vaticano é esperada dentro de alguns meses.

A oferta do Vaticano, explica a Sala de Imprensa vaticana, leva em conta "as preocupações as instâncias apresentadas" pelos lefebvrianos "com relação à guarda da integridade da fé católica" diante daquela que o Papa Bento XVI, em seu discurso à Cúria Romana do dia 22 de dezembro de 2005, chamou de "hermenêutica da ruptura do Concílio Vaticano II com respeito à Tradição", ou seja, uma interpretação do Concílio que o colocava em contraposição com a história milenar da Igreja.