14 Setembro 2011
Três semanas antes que o papa visite a Alemanha, o presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Robert Zollitsch, de Friburgo, se manifestou favorável à discussão sobre a questão da comunhão aos divorciados em segunda união.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada na revista católica britânica The Tablet, 10-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Embora o cardeal Meisner, de Colônia, e o núncio apostólico na Alemanha, o arcebispo Jean-Claude Périsset, imediatamente se distanciaram do arcebispo Zollitsch, vários teólogos alemães proeminentes o aplaudiram. O cardeal Meisner disse que o arcebispo Zollitsch falou apenas como arcebispo de Friburgo e não como o presidente da Conferência Episcopal, mas na entrevista fica claro que não é assim. O arcebispo Zollitsch usa o pronome "nós" em toda a entrevista e obviamente fala em nome dos bispos alemães e também da Igreja.
A entrevista foi publicada na nova e altamente bem-sucedida editoria Fé e Dúvida (Glauben und Zweifeln) da revista alemã Die Zeit, no dia 1º de setembro. O arcebispo Zollitsch foi questionado sobre o presidente alemão, Christian Wulff, que é um católico comprometido, mas que está impedido de receber a comunhão por ser divorciado e ter se casado novamente. O entrevistador perguntou se isso era um "problema para a hierarquia católica", especialmente pelo fato de o Papa Bento estar indo para a Alemanha em uma visita de Estado a convite do presidente.
O arcebispo Zollitsch admitiu que isso era "naturalmente" um problema e disse: "Todos nós estamos diante do problema de como podemos ajudar as pessoas em cujas vidas certas coisas deram errado e que incluem um casamento naufragado. Essa é uma questão de misericórdia e iremos discutir esse problema intensivamente no futuro próximo".
Questionado se ele achava que o presidente Wulff era um bom católico, o arcebispo Zollitsch respondeu: "Para mim, ele é um católico que vive a sua fé e sofre muito por conta da situação em que está. Esse é um problema muito sério, mas eu realmente acho que nós vamos avançar sobre a questão dos divorciados em segundo união enquanto eu ainda estiver vivo".
O papa também se reunirá com o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, que é abertamente gay e vive em uma união gay, mas também é um católico comprometido, afirmou o entrevistador. A Igreja ensina que essas uniões são pecaminosas. A Igreja não está "se mutilando" ao excluir tantas pessoas, o perguntou o entrevistador ao arcebispo Zollitsch. Esses situações o preocupam profundamente, disse ele, acrescentando: "Devemos ver como podemos encontrar respostas teologicamente baseadas para as perguntas sobre os estilos de vida".
A questão dos divorciados em segunda união não serem permitidos de receber a comunhão e a condenação da Igreja a parceiros homossexuais ativos são as chamadas "questões quentes" que viraram manchetes na mídia de língua alemã nas últimas semanas, já que elas estão entre as reformas que a Iniciativa dos Párocos da Áustria pretende colocar em prática.
Quando fundou a Iniciativa dos Párocos Austríacos em 2006, Mons. Helmut Schüller teve vários pedidos de adesão de padres da vizinha Alemanha. Ele aconselhou-os a criarem a sua própria iniciativa lá, o que eles fizeram, mas ela não se tornou tão ativa quanto a austríaca. O grupo alemão ainda mantém um contato próximo com a iniciativa austríaca.
Os teólogos alemães chamaram a atenção para o fato de que os divorciados em segunda união raramente são recusados à comunhão na Alemanha hoje em dia e lembraram a prática da Igreja Ortodoxa que permite que divorciados que se casaram novamente continuem recebendo a comunhão.
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Igreja alemã em desacordo sobre comunhão a divorciados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU