17 Agosto 2011
Milhares de peregrinos de numerosos países abarrotam o centro de Madri para participar da missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude.
A reportagem é de Pilar Álvarez e está publicada no jornal espanhol El País, 17-08-2011. A tradução é do Cepat.
"Estes são os groupies do Papa?" No meio do Passeio Castellana, a duas horas da missa de abertura e a 500 metros do altar da Praça Cibeles, o jovem identifica o grupo de peregrinos com o clube de fãs de alguém famoso. O grupo de mexicanos não faz caso da troça. Juan Carlos Pérez, de 30 anos e de Jalisco (México), caminha apurando sua garrafa de água. Na Cibeles os aguarda a primeira grande demonstração de força da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), prevista até o dia 21 de agosto. A missa inaugural convocou nesta terça-feira milhares de pessoas, que abarrotaram o centro de Madri.
O mexicano Pérez vem com 50 compatriotas. Todos eles cruzam com saídas de metrô cheias, duas estações de trem e ônibus abarrotadas de gente. Preferem caminhar, mas não por uma questão de piedade, como recomenda o Guia do Peregrino. "Comemos muito. Estamos um pouco cheios", confessa. Ele busca na jornada "compartilhar a fé com jovens de outros lugares e sentir a universalidade do cristianismo".
Seus companheiros começam com a rancheira de El Rey: "Com dinheiro e sem dinheiro...". O caminho até o altar se enche de gritos nacionais, como se fossem torcidas de uma seleção de futebol: "Chi-chi-chi-le-le-le", "Argentina, Argentina", "Eu sou espanhol, espanhol, espanhol". Misturam-se com o clássico: "Esta é a juventude do Papa!".
Ao ritmo da rancheira, o México cruza com um grupo de italianos ao final da Praça Colombo, onde começa a fila de telões que retransmitem o hino oficial Firmes na fé (um tema pop) e palavras do Papa com efeitos orquestrais. Mais de 400 salesianos de diferentes pontos da Itália chegaram na segunda-feira à Espanha. "Aguentamos 46 horas de ônibus, isso sim que é fé", brinca Federico Spinelli (18), que espera responder a uma pergunta neste encontro: "O que Cristo quer de mim?". Mariana Cavarro também tem aspirações ambiciosas: "Quero encontrar a serenidade". A organização prevê reunir mais de um milhão de pessoas no ato central de domingo, a missa que será presidida por Bento XVI no aeródromo de Cuatro Vientos. É possível encontrar a serenidade em meio a tanta gente? "Com certeza", assente a italiana.
Os grupos e suas bandeiras vão se aproximando da Praça Cibeles, custodiada por policiais e voluntários. São reconhecidos pela camiseta verde patrocinada por uma caixa econômica. Afastam do asfalto a quem sai da pista marcada e fazem fila nas torneiras instaladas pela organização, abarrotadas de peregrinos sedentos. A comitiva segue rumo à Biblioteca Nacional, com uma faixa na entrada da Jornada Mundial da Juventude que também valeria, caso este não fosse um ato religioso: "Te fazes perguntas? Aqui podes encontrar respostas".
Há 150 voluntários com um guarda-chuva branco e uma missão: ajudar os 8.000 sacerdotes e 800 bispos convocados para distribuir a comunhão entre os fiéis. No último degrau antes do altar, o passeio Recoletos, não cabe uma alma. É preciso caminhar afastando cabeças, esquivando peregrinos, empurrando. A vista se perde entre a confusão de pessoas para os quatro pontos cardeais. Quase todos são jovens.
A média de idade é de 22 anos, segundo a organização, mas María del Carmen Hernández, que agita enérgica o leque, rompe a aritmética com seus 74 anos. Acolheu quatro moças em sua casa durante a jornada. "Quero que as pessoas vejam que não temos medo, que nada nos assusta", explica. A mulher espera não perder um detalhe da cerimônia junto à Praça Cibeles.
Não há faixas com consignas, mas há bandeiras repetidas. Apenas uma é singular, uma bandeira turca com um mastro de oito metros de comprimento. "É que somos poucos e não podemos nos perder", disse Antonyo Musabini, de 22 anos, enquanto segura o pau com dificuldade. Chegou aqui com um grupo exíguo de 23 pessoas. "Na Turquia há apenas 1% de católicos", se lamenta. Esteve em Sidney, nas jornadas anteriores de 2008, e repete agora. "Só podemos desfrutar de banhos de multidões em casos como este, em meu país é difícil. Hoje somos muitos, mas no domingo seremos muito mais".
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