07 Agosto 2011
Na celebração do último sábado, Dom Sérgio da Rocha (foto), novo arcebispo de Brasília, apresentou as diretrizes estratégicas que nortearão seu ministério episcopal.
"As diretrizes por ele então apresentadas são fruto das grandes perspectivas abertas pelo Concílio Vaticano II, visando preparar a Igreja para o século XXI, bem como pela exortação apostólica pós - sinodal Evangelii Nuntiandi de Paulo VI (1975), que vincula o processo de evangelização com a solicitude permanente da Igreja para com as questões da justiça social, dos direitos humanos e da paz", escreve Raimundo Caramuru Barros.
Raimundo Caramuru Barros trabalhou nos quadros da Ação Católica Brasileira e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; atuou na coordenação do Movimento Internacional da Juventude Agrícola e Rural Católica, quando acompanhou as atividades deste Movimento na Europa, África, América Latina e Canadá; cursou pós-graduação em economia nos Estados Unidos; publicou livros e artigos em periódicos especializados sobre assuntos relativos à atuação da Igreja Católica.
Eis o artigo.
Na manhã do último sábado, dia 6 de agosto, tomou posse na Catedral de Brasília o novo arcebispo metropolitano da Igreja Católica na Capital da República: Dom Sérgio da Rocha. O recinto da Catedral tornou-se exíguo para acolher um número incomum de pessoas que acorreram a esta celebração. Muitos tiveram de contentar-se em acompanhá-la através de um telão externo.
Quatro fatores conferiram a esta celebração este seu caráter inédito: o número considerável de cardeais, arcebispos e bispos, provenientes das mais diferentes regiões do país, que dela vieram participar presencialmente; as numerosas delegações que a prestigiaram com seu comparecimento, representando paróquias e dioceses de São Paulo, do Ceará e de Teresina - PI, onde Dom Sérgio exerceu seu múnus pastoral anteriormente; a concentração excepcional de brasilienses que esta posse mobilizou entre os fiéis das quase 130 paróquias da arquidiocese de Brasília; a representação expressiva de todas as pastorais e dos Movimentos de fiéis leigos, que atuam hoje com muita vitalidade em todo o Distrito Federal.
É preciso também dar-se conta de que Brasília tornou-se nesta primeira década do novo século o pivô da integração nacional e o centro das decisões que afetam todo o país, bem como suas relações com as demais nações do Planeta, conforme previra de certo modo Juscelino Kubitschek, ao inaugurá-la em abril de 1960.
Em virtude da presença pujante da Igreja Católica no Distrito Federal e da perspectiva dos novos desafios que ela começava a experimentar, a escolha de seu novo arcebispo metropolitano despertou naturalmente nesta Igreja um real interesse desde janeiro do corrente ano. Quando o Vaticano, cinco meses depois, aos 15 de junho, designou Dom Sérgio da Rocha como novo arcebispo metropolitano desta circunscrição eclesiástica, e à medida que a mídia começou a informar e ressaltar a personalidade do candidato escolhido, o interesse inicial transformou-se em viva esperança.
Com efeito, houve uma crescente tomada de consciência de que ele estava à altura de conduzir o conjunto desta comunidade de Igreja e de levá-la a enfrentar com sucesso os desafios suscitados pelas mudanças substanciais que deverão afetar a sociedade brasileira em decorrência das transformações sócio-econômicas, políticas e culturais pelas quais passarão todo o Planeta ao longo da primeira metade do presente século.
Na celebração do último sábado, Dom Sérgio apresentou as diretrizes estratégicas que nortearão seu ministério episcopal como arcebispo metropolitano desta arquidiocese: um múnus novo que tinha acabado de assumir.
As diretrizes por ele então apresentadas são fruto das grades perspectivas abertas pelo Concílio Vaticano II, visando preparar a Igreja para o século XXI, bem como pela exortação apostólica pós - sinodal Evangelii Nuntiandi de Paulo VI (1975), que vincula o processo de evangelização com a solicitude permanente da Igreja para com as questões da justiça social, dos direitos humanos e da paz. Essas diretrizes levam também em conta o texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em Aparecida – SP, em maio de 2007.
Nesse contexto Dom Sérgio ressalta a centralidade do mistério de Cristo e o privilégio do cristão que, na qualidade de discípulo, acolhe esse mistério pela sua fidelidade à Palavra de Deus e pela sua escuta permanente do convite divino. A oração, a escuta da Palavra de Deus e a Eucaristia são alimentos indispensáveis para fortalecer esta fidelidade do discípulo.
O discipulado exige igualmente a comunhão com toda a comunidade eclesial, seja com a Igreja em Roma, seja com a comunidade eclesial em nível nacional e em nível diocesano. O discipulado implica igualmente em co-responsabilidade na missão da Igreja e na solicitude para com a promoção da justiça social, dos direitos humanos e da paz. Em outras palavras, o discípulo e a comunidade eclesial devem garantir a solidariedade na caridade, segundo o lema episcopal escolhido pelo novo arcebispo "omnia in charitate".
Em entrevistas que concedeu nos dias imediatos que antecederam sua posse, Dom Sérgio deixou bem claro que essas diretrizes estratégicas serão operacionalizadas em diálogo e estreita colaboração com todo o povo de Deus que constitui a arquidiocese de Brasília, tanto sacerdotes como fiéis. Espera-se que esta sua estratégia e este seu testemunho beneficiem não apenas o Distrito Federal, mas se irradiem positiva e progressivamente por toda a Igreja em território brasileiro.
