04 Agosto 2011
O mundo ocidental está preocupado com o destino da economia, mas há quem esteja muito pior. O drama da Somália e de toda a região está no centro das preocupações da Igreja, que apela aos povos e nações para que se intervenha de modo extraordinário.
A reportagem é do sítio Vatican Insider, 04-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Dom Antonio Maria Vegliò, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, repetindo o apelo de Bento XVI, não hesita em definir de "indiferença desumana" que continua caracterizando grande parte da humanidade, incapaz de ouvir o grito de dor da África.
"Basta um dólar para salvar uma criança da morte por fome", disse Vegliò ao L`Osservatore Romano, que lança uma proposta concreta para aos leitores do jornal vaticano, e não só: devolver às ajudas para a emergência do Chifre da África o equivalente a uma refeição ou a um dia de trabalho. "Se sairmos para beber ou comer alguma coisa, tentemos também – explica – dar algo, ofereçamos um turno de trabalho pela Somália".
Um compromisso que deveria ser assumido por cada um e cada uma, e que também teria o efeito de sensibilizar os governos. Na verdade, afirma o prelado, "há a necessidade urgente da intervenção real e concreta da comunidade internacional que vise a um desenvolvimento sustentável e que ponha um freio ao aumento generalizado dos preços dos gêneros alimentícios".
A União Europeia, afirmou ainda Dom Vegliò, "deveria desenvolver oportunidades para os refugiados, que são um bem para os diversos países". "Não se pode negar – acrescentou o presidente do Conselho Pontifício – que uma atitude de mair fechamento foi criada com relação aos requerentes de asilo, aos refugiados e aos migrantes, contradizendo a atitude que a Europa havia mostrado durante décadas depois da Segunda Guerra Mundial, quando centenas de milhares de refugiados foram admitidos e integrados na sociedade. Durante aquele tempo, soluções inovadoras haviam sido desenvolvidas e implementadas. A ideia era dar uma esperança e um futuro aos refugiados, fazendo-os sair dos campos de refugiados".
O L`Osservatore regista os dados alarmantes de mortalidade infantil entre os refugiados somalis presentes no Quênia e dos níveis de desnutrição contidos em um novo relatório das Nações Unidas. "O campo de refugiados de Dadaab, que hospeda cerca de 400 mil pessoas, mais de quatro vezes a capacidade prevista – escreve o jornal da Santa Sé – viu a taxa de mortalidade entre crianças menores de cinco anos aumentar de 1,2 morte a cada 1.000 crianças para 1,8", e isso sem levar em conta "outras mortes que podem não ter sido registradas", por terem ocorrido fora das instalações de saúde e dos campos. "Estima-se – conclui o L`Osservatore – que mais de 2,3 milhões de crianças estão desnutridas no Chifre da África, e que mais de meio milhão delas correm o risco de morrer se não tiverem acesso o mais rápido possível às ajudas internacionais".
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Chifre da África: apelo contra a indiferença - Instituto Humanitas Unisinos - IHU