17 Julho 2011
As perspectivas para uma visita do papa à Irlanda no ano que vem recuaram, enquanto as relações do governo com o Vaticano se deterioram acentuadamente.
A reportagem é de John Cooney, publicada no sítio Irish Independent, 15-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em seu primeiro comentário sobre o Relatório Cloyne, o Taoiseach [primeiro-ministro] Enda Kenny disse que era "vergonhoso" que o Vaticano tenha ignorado as garantias de proteção infantil acordadas pelos bispos irlandeses.
As críticas de Kenny foram um prelúdio para que o núncio apostólico fosse convocado para a Iveagh House, onde o ministro das Relações Exteriores, Eamon Gilmore, exigiu uma explicação para a intervenção "inapropriada" de Roma sobre os assuntos irlandeses.
Um apologético arcebispo Giuseppe Leanza se comprometeu a entregar o relatório ao Vaticano.
Ao contrário do ex-Taoiseach Brian Cowen e seu então ministro das Relações Exteriores Michael Martin, que no ano passado se alinharam aos direitos do Vaticano à imunidade diplomática, na sequência do Relatório Murphy, Kenny e Gilmore partiram para a ofensiva.
Rejeição
Seu foco na rejeição por parte da Congregação para o Clero do Groundwork Document dos bispos irlandeses de 1996 como "um mero documento de estudo" em desacordo com o direito canônico colocou o Vaticano em uma posição indefensável.
Observadores do Vaticano disseram que a estridência do protesto irlandês afetou sua estratégia de recuperar o controle da renovação da Igreja na Irlanda, através da investigação deste ano de uma série de altos prelados estrangeiros.
Fontes sugerem que o Papa Bento XVI adiou sua resposta às recomendações dos investigadores até início do próximo ano, quando se esperava que ele anunciaria sua intenção de participar do próximo Congresso Eucarístico na Irlanda em junho do ano que vem.
Mas a renovação de uma segunda onda de raiva anti-Vaticano na Irlanda poderia perturbar essa programação, acrescentaram as fontes.
O mistério em torno do paradeiro do desonrado ex-bispo de Cloyne, John Magee, agravou a raiva.
Um porta-voz do arcebispo de Cashel, Dermot Clifford, disse: "Dom Magee é um bispo aposentado e deve explicações apenas ao papa".
A bola da vez deve ficar com o Papa Bento XVI. A cópia oficial do Relatório Cloyne está prestes a pousar em sua mesa.
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Relações complicadas: visita papal à Irlanda é posta em dúvida - Instituto Humanitas Unisinos - IHU