O primeiro-ministro do Japão,
Naoto Kan, disse ontem que a crise da
usina de Fukushima o convenceu de que o país deve gradualmente abandonar a energia nuclear. Sem citar prazos para implantação da medida, também pediu a realização de um debate sobre a adequação de empresas privadas administrarem as usinas.
"Deveríamos reduzir a dependência nuclear de uma maneira planejada e passo a passo. Deveríamos, por fim, criar uma sociedade que não precise de energia atômica", afirmou. Quatro meses após o desastre em Fukushima, a oposição à energia nuclear está crescendo no país. O jornal "Asahi" divulgou pesquisa em que 77% dos entrevistados se manifestaram contra essa opção, uma alta de três pontos percentuais em relação ao mês anterior.
A notícia é do jornal
Valor, 14-07-2011.
Anteontem,
Kan declarou no Parlamento que o Japão deveria descartar o plano de aumentar a dependência nuclear para 53% até 2030. Antes do terremoto em março, as usinas nucleares respondiam por aproximadamente 28% da matriz energética do país. Atualmente a parcela é de 18% - 35 dos 54 reatores do país tiveram a produção paralisada.
Sem a alternativa nuclear, a geração energética do país caiu 11%, levando o governo a lançar uma campanha para população e empresas economizarem eletricidade. O ministro da Economia,
Kaoru Yosano, manifestou preocupação em relação ao custo econômico da proposta de
Kan, afirmando que a substituição da energia nuclear por combustíveis fósseis cortaria dezenas de bilhões de dólares do Produto Interno Bruto japonês.
No entanto, há dúvidas sobre se Kan terá condições políticas para estabelecer essa transição. O premiê perdeu muito apoio entre a população e o seu próprio partido. Em função das críticas que recebeu pela maneira como conduziu a reação ao terremoto e ao desastre nuclear, viu-se obrigado a prometer sair em breve do cargo para evitar um voto de desconfiança no Parlamento.
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Premiê sugere o fim da energia nuclear no Japão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU