A quantidade de mortes de crianças indígenas por desassistência subiu 513% em 2010 em relação ao ano anterior.
Os dados são do
Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
A reportagem é de Cláudio Angelo e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 01-07-2011.
Segundo o relatório anual "
Violência contra os Povos Indígenas no Brasil", 92 crianças menores de cinco anos morreram de doenças facilmente tratáveis em áreas indígenas no país, contra 15 em 2009.
Dois episódios puxam a cifra: as 19 mortes ocorridas no
vale do Javari (AM), 5 por água contaminada durante uma estiagem e 14 por falta de assistência médica em casos de malária e hepatite; e 61 mortes por doenças infecciosas, respiratórias e desnutrição em uma única terra indígena xavante no município de
Campinápolis (MT).
"De 100 crianças nascidas vivas, 60 morreram", disse o bispo do Xingu e presidente do Cimi, d.
Erwin Kräutler. "Não tem outra explicação que não o descaso."
O relatório diz que o orçamento para a saúde indígena caiu de R$ 393 milhões para R$ 346 milhões. Em
Mato Grosso, o
Cimi acusa ainda desvio de dinheiro da
Funasa (Fundação Nacional da Saúde), citando dados da Controladoria-Geral da União.
ASSASSINATOS
Segundo o relatório, elaborado pela antropóloga
Lúcia Helena Rangel, da PUC-SP, o número de assassinatos de índios em 2010 (60) foi o mesmo de 2009 e 2008.
Quase 60% dos crimes ocorreram em
Mato Grosso do Sul, onde índios guaranis disputam com o agronegócio suas terras tradicionais - há 73 áreas em disputa.
D. Erwin afirma ainda que a aceleração da expansão do agronegócio e o
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ajudam a explicar a violência, na medida em que impedem a demarcação de terras indígenas.
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Cresce morte de crianças indígenas no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU