10 Junho 2011
Terminou ontem, após 37 dias, a greve dos metalúrgicos da fábrica da Volkswagen de São José dos Pinhais (PR). Os 3,1 mil funcionários da produção voltam ao trabalho na segunda-feira. No acerto, empresa e sindicato cederam em suas posições iniciais, que levaram à mais longa greve de uma empresa no Paraná, responsável por 11% da produção nacional de veículos.
A reportagem é de Cleide Silva e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 11-06-2011.
Ficou acertado que os trabalhadores vão receber R$ 11,5 mil em Participação nos Lucros e Resultados (PLR), sendo R$ 5,2 mil na próxima semana e a diferença em janeiro. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba reivindicava R$ 12 mil, sendo R$ 6 mil agora, valor conquistado na fábrica da Renault. Na Volvo, a PLR foi a maior acertada pelas montadoras, de R$ 15 mil.
Os trabalhadores da Volks aceitaram atrelar a segunda parcela ao cumprimento de metas de produção. A empresa comprometeu-se em equalizar o valor caso a PLR seja superior nas fábricas do grupo em São Paulo, onde foram acertados primeira parcela de R$ 5,2 mil e a outra a ser negociada no segundo semestre.
A primeira parte da PLR de 2012 também já foi acertada em R$ 5.980 (52% do valor deste ano). Uma novidade na negociação foi o acordo antecipado do reajuste a ser pago em setembro, data-base dos metalúrgicos do Paraná. Além da reposição da inflação, eles vão receber 2,5% de aumento real e abono de R$ 4,2 mil divididos em duas parcelas.
"Não precisaremos ter mais nenhuma negociação salarial este ano, o que assegura um período de tranquilidade para reflexões dos dois lados sobre um modelo de entendimento que evite chegarmos a uma situação de conflito como foi esta", disse o diretor de Relações Trabalhistas da Volkswagen, Nilton Junior.
Também ficou acertado seis dias extras de trabalho aos sábados neste ano e dez em 2012 para repor produção, exigência antes recusada pelo sindicato. Os dias parados - 28, levando-se em conta só os dias úteis - serão descontados integralmente, dois dias até junho de 2012.
Segundo o sindicato, durante a greve deixaram de ser fabricados 22.990 veículos Fox, Crossfox e Golf. O cálculo da entidade é de uma perda de faturamento de mais de R$ 1 bilhão, valor não confirmado pela empresa. A greve afetou as atividades de cerca de outros 20 mil trabalhadores de empresas terceirizadas, fornecedores e distribuidores.
Várias revendas do País estão com estoques zerados dos três modelos. Na revenda Amazon, em São Paulo, não há mais Fox 1.6, CrossFox e Golf. "Mesmo assim não perdemos vendas, pois os clientes decidiram esperar pela normalização do abastecimento", disse o gerente Marcos Leite. "Alguns deixaram sinal".
Investimento
"O acordo atende os dois lados, mas é pena que precisamos parar 37 dias para se chegar a ele", afirmou Jamil Davila, secretário-geral do sindicato. Para ele, a antecipação do acordo para a data-base evitará riscos de nova parada.
O acordo entre a Volkswagen e o Sindicato dos Metalúrgicos, filiado à Força Sindical, não garante a volta de investimentos para a fábrica, inaugurada em 1999. "Precisamos confirmar a manutenção da tendência de diálogo e não de imposições pois ainda há uma mágoa após greve tão longa", disse Nilton Junior.
A filial do Paraná não está contemplada no plano de investimento da Volkswagen até 2014, de R$ 6,2 bilhões. O dinheiro será aplicado nas fábricas de São Bernardo, Taubaté e São Carlos.
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Sindicato e Volks cedem e acaba a mais longa greve do Paraná - Instituto Humanitas Unisinos - IHU