07 Junho 2011
Da coluna de Renata Lo Prete, jornalista, publicada no jornal Folha de S. Paulo, 08-06-2011:
Na conversa em que formalizou o convite a Gleisi Hoffmann (PT-PR) para substituir Antonio Palocci, Dilma Rousseff foi explícita quanto à determinação de mudar o perfil da Casa Civil. Usou inclusive a expressão "Dilma da Dilma" para descrever a expectativa de que a senadora se concentre na gerência do governo, assim como fez a hoje presidente quando assumiu esse cargo em 2005, depois da queda de José Dirceu.
Dilma estava de olho em Gleisi desde a transição. Chegou a discutir com Lula o desejo de levá-la para a Esplanada. Na ocasião, ele ponderou que Gleisi ganharia experiência e reconhecimento se antes exercesse por algum tempo o mandato de senadora.
Minoritário
Confrontado com a ideia de que passou a formar com Gleisi o "casal mais poderoso da República", o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) desdenha de sua participação: "Nessa sociedade, eu entro com no máximo 10%".
Time
Os dois foram secretários, juntos, no governo petista do Mato Grosso do Sul. Ele na Fazenda e ela na Reforma Administrativa. Em Londrina, Gleisi assumiu a pasta de Gestão quando Bernardo deixou a da Fazenda.
Enquanto isso...
No dia em que Palocci caiu, PMDB e PT tiveram nova demonstração de que, cada qual a seu modo, vivem no escuro com Dilma. A sigla de Michel Temer ainda operava no Congresso para tentar salvar o ministro quando o vice, pouco antes da nota oficial, foi informado pela presidente do pedido de demissão e do nome da substituta.
...no castelo
Os petistas, que já haviam entregue Palocci aos leões, não poderiam ter sido mais surpreendidos pela escolha de Gleisi. Vários receberam a notícia boquiabertos, enquanto cortavam o bolo de aniversário de João Paulo Cunha (SP) no gabinete do deputado.
Valeu aí
Logo após aceitar o convite, Gleisi estava reunida com a bancada de senadores do PT quando Palocci telefonou. No viva voz, ele agradeceu o apoio dos senadores. Isso poucas horas depois de a bancada rejeitar soltar nota em seu favor.
Ontem e hoje
Em 2006, Palocci levou 13 dias para cair depois que o caseiro Francenildo Costa relatou visitas do então ministro da Fazenda à chamada "casa do lobby". Agora, foram 23 dias.
Por fora
Quem conversou com José Dirceu, que desde segunda circulava por Brasília, ouviu cenários bastante diferentes daqueles que acabaram se realizando.
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