"O ideal é que os ameaçados tenham segurança"

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30 Mai 2011

No dia 16 de maio, a secretária nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, foi apresentada ao líder camponês João Batista Galdino e à freira Marie Henriqueta Cavalcante, coordenadora da Comissão Justiça e Paz. Os dois estão ameaçados de morte no Pará e foram levados à ministra pelo padre Ricardo Rezende, que morou durante 20 anos no Estado. Embora viva no Rio há 15 anos, ele continua ligado aos movimentos sociais do Pará, para onde viaja pelo menos uma vez por ano.

A entrevista é de Luciana Nunes Leal e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 31-05-2011.

Ele é personagem central do documentário Esse homem vai morrer - um faroeste caboclo, de Emilio Gallo, lançado há duas semanas. O filme relata histórias de mortos e sobreviventes da região. "A ministra ficou muito preocupada. Disse que é uma prioridade da presidente Dilma superar os problemas no Pará", contou o padre, que também comentou recentes mortes no Pará e em Rondônia.

Eis a entrevista.

Essas mortes indicam a retomada de uma onda de violência na região?

O que surpreende é que num período muito curto tivemos quatro mortes. Não é raro ter morte, mas neste contexto a gente fica apreensivo com um quadro que parece não se resolver. O ideal é a pessoa ameaçada ter segurança e, além disso, ter policiais para investigar as ameaças. Eu tive dois seguranças, de 1992 a 1996. Depois eles continuaram dando segurança ao frei Henri (Henri des Roziers, advogado da Comissão Pastoral da Terra).

O que fazer de imediato?

Há medidas curativas e preventivas. A curativa é a segurança para as pessoas ameaçadas e a apuração de onde partem as ameaças. A solução mais definitiva e preventiva é atacar as raízes dos problemas: reforma agrária, sonegação de imposto, derrubada irregular de mata, grilagem de terra. As soluções só curativas são insuficientes. Os crimes de encomenda estão ligados à multiplicidade de outros crimes.

As pessoas ameaçadas devem sair do local onde vivem?

Tem dois tipos de pessoas ameaçadas. Um tipo, que não exerce liderança, poderia sair temporariamente. Mas não pode retirar pessoas que exerçam liderança. Vai tirar um presidente de sindicato do seu sindicato? Vai tirar um bispo da diocese dele? Essas pessoas são importantes até na proteção de outras pessoas. Muitos nem vão querer sair porque exercem função de coordenação importante, seria um prejuízo para o movimento social. Eu fiquei 18 anos ameaçado de morte e não quis sair do Estado.

A presença das Forças Armadas na região pode funcionar?

Militarizar é insuficiente. Houve militarização da questão fundiária na ditadura militar, o Incra foi retirado e houve uma solução militar, um coronel coordenava o Exército na região. Mas não houve nenhuma ação que mexesse com o problema básico que era grilagem de terra e reforma agrária.

Havia uma grande expectativa com o governo Lula. Alguma coisa mudou?

O que mudou foi que o governo não criminalizou o movimento social. Esse foi o lado positivo. Mas do ponto de vista da reforma agrária, de mexer na estrutura fundiária, isso ele não mexeu. O governo Lula foi muito tímido, não avançou.

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