17 Mai 2011
"As paróquias estão se fundindo, colocando demandas impossíveis sobre um único padre, que deve ser o único pastor de um conglomerado de paróquias onde antes havia duas ou três ou quatro. As dioceses estão importando pastores. A necessidade é óbvia. As questões são válidas. Mais e mais paróquias católicas estão à deriva, indo em direção à experiência protestante de ser alimentada apenas pela Palavra"
A análise é de Mary Coloe, irmã da Apresentação e professora de Escritura na Universidade Católica Australiana, em Melbourne. O artigo foi publicado no sítio CathNews, 16-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Recém comemoramos o Domingo do Bom Pastor. Um dia em que lemos João 10, em que Jesus diz: "Eu sou o Bom Pastor; o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas" (João 10, 11).
Nesta semana, na Austrália, ficamos tentando descobrir o destino de um homem que tem sido constantemente chamado de "um grande pastor" pelos seus sacerdotes e pelo seu povo. Falo do bispo (hoje aposentado) Bill Morris.
Os detalhes das razões de Roma para querer a sua remoção não são conhecidos. O que se sabe é que outros bispos e cardeais que protegeu pedófilos não foram convidados a renunciar ou a se retirar, enquanto Dom Morris foi. Tal tomada de decisão distorcida causa perplexidade e é, na melhor das hipóteses e aos olhos de muitos, escandalosa.
No centro da preocupação de Dom Morris está a Eucaristia e o antigo valor católico de ser uma comunidade eucarística alimentada pela Palavra e pela Mesa. Em toda a Austrália, tal alimento eucarístico está se tornando cada vez menos possível.
As paróquias estão se fundindo, colocando demandas impossíveis sobre um único padre, que deve ser o único pastor de um conglomerado de paróquias onde antes havia duas ou três ou quatro. As dioceses estão importando pastores da Índia, do Vietnã, da África, da Polônia, e, infelizmente, muitos desses homens não têm a consciência cultural para pastorear genuinamente as paróquias australianas. Em uma paróquia, quando o novo padre chegou, o conselho pastoral foi imediatamente demitido.
Dom Morris, bom pastor que foi, se atreveu a ponderar onde o seu poderia encontrar seu alimento, como o seu povo poderia ser alimentado na Mesa Eucarística no futuro. A necessidade é óbvia. As questões são válidas. Mais e mais paróquias católicas estão à deriva, indo em direção à experiência protestante de ser alimentada apenas pela Palavra. O "pão de cada dia" da Eucaristia é uma memória distante para muitos, e até uma migalha "semanal" também é problemática agora.
A imagem do Bom Pastor, encontrado em João 10, tem seu pano de fundo na crítica profética dos líderes de Israel, em Ezequiel 34.
Ezequiel escreve: "Assim diz o Senhor Deus aos pastores: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Acaso os pastores não devem apascentar as ovelhas? Comeis de seu leite, vestis sua lã e matais os animais gordos, mas não apascentais as ovelhas. Não fortalecestes a ovelha fraca, não curastes a ovelha doente nem enfaixastes a ovelha quebrada. Não trouxestes de volta a ovelha desgarrada, não procurastes a ovelha perdida, mas as dominastes com dureza e brutalidade"(Ez 34, 2-4).
O julgamento de Deus sobre os pastores de Israel é claro? Como esse julgamento cairá sobre nossos pastores atuais, que parecem preferir uma Igreja sem Eucaristia do que considerar outras possibilidades? Oxalá pudéssemos realmente rezar "o pão nosso de cada dia nos dai hoje".
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Dom Morris e o alimento da Eucaristia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU