14 Abril 2011
Em 2011, completam-se os 20 anos da chamada Economia de Comunhão - EdC, um modelo de economia que nasceu na cidade de São Paulo, sob o impulso da comunhão dos bens, em que o lucro é colocado em comunhão livremente. Mas, além dessa experiência, diversas são as formas econômicas que visam à justiça e à equidade social, naquilo que se chama de "economia civil" ou solidária.
Por isso, a partir dessa comemoração, o Instituto Humanitas Unisinos - IHU irá promover um debate sobre alternativas econômicas eticamente reguladas no dia 30 de maio próximo, com a presença de Stefano Zamagni, professor de economia da Universidade de Bolonha, na Itália, e professor adjunto de economia política internacional da sede italiana da Johns Hopkins University.
Zamagni é um dos propositores do conceito de Economia Civil, uma visão econômica eticamente regulada em vista da justiça e da equidade social, e que pode incorporar outros princípios, como as relações humanas, a reciprocidade e a felicidade. É uma visão que concebe espaços no mercado que sejam lugares civis e civilizatórios e até mesmo de felicidade pública. Busca-se, por meio dela, remeter o "mercado" a uma concepção centrada no princípio da reciprocidade e das virtudes civis.
A conferência de Zamagni será intitulada Economia de Comunhão e outras formas de Economia Social: Limites, Possibilidades e Perspectivas e irá ocorrer das 19h30 às 22h, no Auditório Central da Unisinos, com entrada gratuita.
Com um currículo extenso, Zamagni recentemente ganhou destaque por ter sido um dos principais consultores e assessores do Papa Bento XVI na redação da encíclica Caritas in Veritate, publicada em 2009, acerca do "desenvolvimento humano integral". Para o economista, o sentido profundo da encíclica foi justamente o de mostrar que, "se o mercado continuar excluindo o princípio do dom, ele está destinado a implodir".
Além de Bolonha, Zamagni já lecionou na Universidade de Parma e na Universidade Comercial Luigi Bocconi, de Milão. Desde 1991, é consultor do Conselho Pontifício "Justiça e Paz", do Vaticano, e, entre 1994-1995, foi membro do comitê de iniciação da Pontifícia Academia das Ciências Sociais. Desde 1999, é membro da New York Academy of Sciences, dos Estados Unidos. Desde 2007, é presidente da Agência para as Organizações Não Lucrativas de Utilidade Social - Onlus, entidade do governo italiano com a função de vigiar, controlar, promover e prestar consultoria ao governo e ao parlamento do país em matéria de associações sem fins lucrativos.
Em 2008, foi homenageado com o título de Cavaleiro-Comendador da Ordem de São Gregório Magno, uma das cinco ordens pontifícias da Igreja Católica, criada em 1 de setembro de 1831, pelo Papa Gregório XVI. Em 2010, recebeu o título de doutor "honoris causa" em economia da Universidade Francisco de Vitoria, de Madri, Espanha. Também faz parte do comitê científico de várias revistas econômicas internacionais, como por exemplo Economia Politica, Italian Economic Papers, Economics and Philosophy e Mind and Society.
É autor de inúmeros livros, dentre os quais destacamos Microeconomia (Ed. II Mulino, 1997) e Profilo di storia del pensiero economico (Ed. Nuova Italia Scientifica, 2004).
Seu livro Economia Civil: Eficiência, Equidade e Felicidade (Ed. Cidade Nova), publicado em português em 2010, de coautoria de Luigino Bruni, será lançado no dia da conferência na Unisinos.
(Por Moisés Sbardelotto)
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Economias eticamente reguladas: perspectivas em debate - Instituto Humanitas Unisinos - IHU