“Quem observa a realidade vivida atualmente pelos trabalhadores e trabalhadoras da Usina de Jirau indigna-se com os relatos ouvidos. Uma situação de total insatisfação ao perceberem seus direitos, enquanto seres humanos, serem violados. Até quando o anseio pelo poder e pelo dinheiro vai colocar a dignidade humana abaixo de tudo?”, escreve
Sales C. M. Nogueira, da
Pastoral da do Migrante de Rondônia, em artigo publicado no blog da
Comissão Pastoral da Terra.
Eis o artigo.
Onde estão? Como estão sendo tratados? Quais os procedimentos que estão sendo tomados para o retorno aos seus estados de origem? Seus direitos trabalhistas estão sendo respeitados? São muitos os questionamentos que surgem a respeito dos operários e das operárias que estão desalojados na cidade de Porto Velho.
Talvez a palavra ideal a ser aplicada a esse contexto fosse “desamparados”, pois, ao analisar a situação dos trabalhadores e trabalhadoras da Usina de Jirau, no ginásio do SESI em Porto Velho, observa-se uma realidade de grande desamparo. Uma situação de total falta de humanidade. Muitos trabalhadores deitados em colchões pelo chão do ginásio a espera de repostas e decisões que serão tomadas no processo de retorno as suas casas, em condições de higiene muito precárias.
Quem observa a realidade vivida atualmente por esses operários indigna-se com os relatos ouvidos. Uma situação de total insatisfação ao perceberem seus direitos, enquanto seres humanos, serem violados. Até quando o anseio pelo poder e pelo dinheiro vai colocar a dignidade humana abaixo de tudo? De repente, um cidadão, trabalhador, pai ou mãe de família decide vender sua força de trabalho para garantir seu sustento e o sustento de seus familiares acreditando que com isso verá seu maior bem respeitado, a sua dignidade um procedimento que em tese lhe garantirá o respeito de todos, sendo literalmente violado. Será que a sua insatisfação não irá gritar? Será que o desejo de ver seus direitos respeitados não vai sobrepor-se? E mais uma vez surge o questionamento: quem é o principal culpado por tal episódio?
Certamente os antagonistas de toda essa história serão os operários que vieram dignamente vender sua força de trabalho. Mas sabe-se que desde que o Brasil fora invadido pelos portugueses a história desse país sempre foi narrada pelos vencedores e nunca pelos vencidos e que o anseio pelo poder e o dinheiro sempre sucumbiram à dignidade humana.
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Jirau: "Cadê a minha dignidade que estava aqui?" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU