17 Fevereiro 2011
Opositores do ditador Muammar Gaddafi promoveram ontem um "dia de fúria" na Líbia, com atos em pelo menos quatro cidades. Choques entre opositores e grupos pró-Gaddafi já deixaram ao menos 20 mortos desde anteontem, segundo relatos das agências de notícias.
A notícia é do jornal Folha de S. Paulo, 18-02-2011.
A onda de protestos que assola os países do Oriente Médio há dois meses atingiu anteontem a primeira cidade líbia, Benghazi - a segunda maior do país e tradicional reduto da oposição.
Segundo o site de oposição Al-Youm, forças de segurança enviadas por Gaddafi tentaram reprimir os protestos e mataram a tiros ao menos seis manifestantes ontem.
O mesmo site afirmou que, na cidade de Beyida, atiradores de elite das Forças de Segurança Interna mataram outros quatro manifestantes.
Já o ativista líbio Fathi al-Warfali, que mora na Suíça, disse que chegou a 11 o número de mortos naquela cidade na noite de anteontem.
Mohammed Ali Abdellah, vice-líder do movimento clandestino Frente Nacional de Salvação da Líbia, afirmou que está havendo escassez de medicamentos nos hospitais de Beyida.
Segundo ele, como represália aos protestos, o governo teria cortado o fornecimento de suprimentos às instalações médicas locais. Os feridos na cidade chegam a 70.
Houve ainda protestos na cidade de Zentan, onde dois manifestantes foram mortos, e Rijban, que teve uma pessoa assassinada, de acordo com o também antigovernista Comitê Líbio pela Verdade e pela Justiça.
As cidades de Darnah e Ajdabiya também teriam registrado agitação.
A organização Human Rights Watch afirmou que 14 pessoas foram presas durante as manifestações.
Como ocorreu no Egito e na Tunísia, opositores estão usando páginas de relacionamentos na internet para organizar protestos.
A TV estatal não está transmitindo os protestos e forças do regime estão impedindo a imprensa de trabalhar livremente. Grande parte das informações sobre manifestações, mortos e feridos é fornecida por testemunhas e fontes fora da Líbia.
A Irmandade Muçulmana da Líbia afirmou que o controle da mídia é uma tentativa de impedir que abusos supostamente cometidos pelas forças de segurança e partidários do governo sejam divulgados pelo mundo.
Em comunicado, a entidade acusou forças de segurança e comitês revolucionários de usar munição letal para dispersar as multidões de manifestantes - o que estaria causando as mortes.
REAÇÃO
O governo tomou ações rápidas na tentativa de impedir que os protestos se espalhem pelo país. Gaddafi propôs aumento de 100% nos salários de funcionários públicos e libertou da prisão 110 militantes islâmicos opositores.
O ditador, que está no poder há 40 anos, também se reuniu com líderes tribais líbios para pedir apoio.
Na capital, Trípoli, onde o comércio funcionava normalmente, partidários de Gaddafi se reuniram em apoio ao ditador na praça Verde. "Nós estamos defendendo Gaddafi", gritava a multidão.
A agência de notícias estatal Jana afirmou que os protestos em Trípoli expressam a "eterna unidade com o irmão líder da revolução", como Gaddafi é conhecido.
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Conflitos na Líbia registram 20 mortes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU