03 Julho 2017
Faz dias que acordamos com rajadas de metralhadoras e explosões de granadas. Trata-se de um complexo de três favelas (Pavão, Pavãozinho e Cantagalo) com saídas para Copacabana e Ipanema. E nem mesmo por conta de sua localização "privilegiada" a imprensa noticia alguma coisa. Impera o silêncio.
Se acordar todos os dias ao som de muitos tiros assusta a nós que estamos no asfalto, imagina quem mora na favela. As pessoas que precisam sair para trabalhar no meio do tiroteio. A certeza que aquelas balas podem, inclusive, e a curta distância, perfurar paredes. Saber que não se está seguro nem dentro de casa. Ter que ir trabalhar e deixar os filhos em casa.
O horror da violência. O horror da indiferença.
Submeter as pessoas em situação de rua a condições desumanas e risco de hipotermia: Mistanásia
Quando se escreva a história da Lava Jato, é possível que este 30 de junho fique conhecido como o dia em que ela foi ferida de morte. A combinação foi letal: fracasso da greve, em parte pela desesperança e desânimo da população, em parte pelo cansaço de que protestos virem palanque eleitoral, em parte porque dentro do próprio movimento sindical, um bom naco não queria que a greve vingasse; soltura de Rocha Loures, o homem da mala dos R$ 500 mil; recondução de Aécio ao Senado; defesa de Temer em pronunciamento de Lula, que chegou até a pedir punição a Janot. Tudo isso acontecendo no final do mandato do Procurador, com sua sucessora já escolhida e apontando para alinhamento com as forças que querem pôr um fim à sangria, "delimitar onde está".
No documento mais importante da história contemporânea do Brasil, o áudio de Jucá, o eterno, o dia de ontem ficará conhecido como a confirmação daquele trecho: "com o Supremo, com tudo". Pelo jeito, é possível que venha por aí a confirmação daquele outro trecho que tanta gente gosta de omitir: "protege o Lula, protege todo mundo".
Faltam 15 meses para a eleição presidencial de 2018.
O lulismo obviamente não tem nenhum interesse em debater um programa de governo. Para a militância a ideia é votar em Dom Sebastião e deixar que ele resolva tudo. Para a direção, quanto menos debate mais fácil depois para incorporar Renan, Kátia Abreu, Meirelles e sabe lá quem mais.
Mas e a esquerda não petista? Posso estar totalmente por fora, mas não vejo nem sinal de um debate de fundo, sobre um programa realmente de esquerda e que leve em consideração a atual conjuntura.
Parece que entregamos a iniciativa para o lulismo. Ou estou enganado?
Cada vez que a gente vê alguém que considera de bom senso admitindo a possibilidade de votar em Bolsonaro fica dividido entre pensar "não, são poucos" ou já ir começando a reservar asilo no Uruguai antes que o governo comece a caçar cabeças.
Bolsonaro diz que, no Exército, sua 'especialidade é matar'
Candidatura da morte. Pior que a guerra na Sérvia. Barranco abaixo. Consciência zero. Ética anulada.
Alexandre de Moraes será o relator do pedido de impeachment de Temer. Com isso temos três conclusões.
Os sorteios do STF são tão honestos quanto uma nota de R$ 3. É Gilmar Mendes com Aécio, Alexandre Moraes com Temer...
Não há um único ministro dessa vergonha de STF capaz de se bater contra tal absurdo.
Se declarar impedido é para os fracos...
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