10 Fevereiro 2025
"É também por isso que, como membros de um grupo de estudos teológicos que reflete sobre o tema da mulher na Igreja, queremos expressar nosso total apoio à mensagem de Mariann Budde dirigida ao Presidente Trump", escreve Marilena Tomaselli e Giuseppina Pennisi, em artigo publicado por Fine Settimana, 01-02-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Estamos nos aproximando da celebração da memória de Santa Águeda, e sempre emociona a coragem dessa jovem mulher que não abaixa a cabeça diante do poder do cônsul Quinciano: ela sustenta seu olhar perverso e seu interrogatório persecutório com a doçura da fala e a mansidão inerente ao seu nome, como também é evidenciado nos Atos dos Mártires.
Da referência histórica do passado aos eventos históricos contemporâneos, o passo é curto.
No último dia 20 de janeiro, Donald Trump se apresentou à nação e ao mundo como um vencedor absoluto, um homem capaz de usar a força e que merece usar a coroa não apenas de presidente dos Estados Unidos, mas de imperador, cujo poder seria legitimado pelo próprio Deus, que o preservou de um atentado.
Contudo, como nos lembra a Bíblia, sobre o que o recém-eleito jurou, até mesmo as estátuas de ouro e prata são frágeis, pois têm pés de barro e podem ser quebradas (cf. Dn 2,31-35). No dia seguinte, de fato, em um culto de oração na Catedral Nacional de Washington, a Bispa Episcopal Mariann Budde derrubou o Presidente Trump de seu “pedestal”, pedindo-lhe do púlpito que tivesse misericórdia pelos homossexuais e imigrantes ilegais, alvos de suas primeiras ordens executivas:
"Em nome de nosso Deus, peço-lhe que tenha piedade das pessoas em nosso país que agora estão apavoradas. Há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democráticas, republicanas e independentes, algumas das quais temem por suas vidas". Mariann Budde é uma das vozes mais influentes da Igreja Episcopal dos EUA, conhecida por seu empenho pela justiça social e pelos direitos humanos. Usando a “parresia”, a palavra proferida com verdade e franqueza, a bispa teve coragem e, com elegância e humildade, confrontou Trump com suas responsabilidades, fazendo um apelo em nome de todas as pessoas angustiadas por seus decretos.
"Peço-lhe que tenha piedade, Sr. Presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados embora. E que ajude aqueles que fogem das zonas de guerra e das perseguições em seus próprios países a encontrar compaixão e acolhimento aqui".
Esse apelo despertou a admiração daqueles que ainda acreditam na democracia e não na força. Que retaliações a bispa terá de sofrer? Não sabemos, talvez isso também dependa do consenso que tiver. É também por isso que, como membros de um grupo de estudos teológicos que reflete sobre o tema da mulher na Igreja, queremos expressar nosso total apoio à mensagem de Mariann Budde dirigida ao Presidente Trump e compartilhar sua consciência:
"O nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, pois todos nós já fomos estrangeiros nesta terra."