08 Junho 2023
Um novo estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, calculou que os países do Norte Global (os mais ricos e industrializados), em termos de custo social do carbono, devem até 170 trilhões de dólares aos países do Sul Global (os mais pobres e em desenvolvimento) por terem emitido mais do que sua cota justa de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera desde 1990.
A reportagem é de Henrique Cortez, publicada por EcoDebate, 07-06-2023.
O estudo, publicado na revista Nature Climate Change, usou um modelo baseado no conceito de “orçamento de carbono“, que é a quantidade máxima de CO2 que pode ser emitida para limitar o aquecimento global a 1,5°C ou 2°C, conforme acordado no Acordo de Paris.
Os pesquisadores dividiram o orçamento de carbono entre os países com base em critérios como população, renda e responsabilidade histórica pelas emissões. Eles então compararam a cota de cada país com as emissões reais desde 1990 até 2015, e projetaram as emissões futuras até 2030.
Eles descobriram que os países do Norte Global usaram ou reservaram cerca de 16% a mais do orçamento de carbono do que sua cota justa, enquanto os países do Sul Global usaram ou reservaram cerca de 14% a menos. Essa diferença equivale a uma dívida de carbono de 250 bilhões de toneladas de CO2.
Os cinco maiores responsáveis por emissões excessivas – e quanto terão de pagar de compensação até 2050. A tabela também mostra os cinco principais países que produziram baixas emissões e receberão indenizações. (Foto: Universidade de Leeds)
Para quantificar o valor dessa dívida, os pesquisadores usaram o conceito de “custo social do carbono“, que é uma estimativa do dano econômico causado por cada tonelada de CO2 emitida. Eles consideraram três cenários diferentes: um otimista, um intermediário e um pessimista.
No cenário otimista, o custo social do carbono é de 68 dólares por tonelada de CO2, e a dívida de carbono é de 17 trilhões de dólares. No cenário intermediário, o custo é de 271 dólares por tonelada, e a dívida é de 68 trilhões. No cenário pessimista, o custo é de 684 dólares por tonelada, e a dívida é de 170 trilhões.
Os autores do estudo argumentam que esses números mostram a urgência e a importância de aumentar o financiamento climático dos países ricos para os países pobres, para ajudá-los a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas e a reduzir suas emissões.
Eles também defendem que os países do Norte Global devem reduzir suas emissões mais rapidamente e mais profundamente do que estão fazendo atualmente, para evitar que a dívida de carbono aumente ainda mais.
O estudo conclui que “a justiça climática global requer não apenas uma transição rápida para uma economia global com zero emissões líquidas, mas também uma redistribuição significativa dos recursos financeiros e tecnológicos entre os países”.
Fanning, A.L.; Hickel, J. Compensation for Atmospheric Appropriation. Nat Sustain (2023).
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
"Dívida de carbono" dos países ricos é 250 bilhões de toneladas de CO2 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU