27 Abril 2023
Abrir espaço para as mulheres no Sínodo dos Bispos (40 para ser preciso). Há quem saúde a novidade como uma revolução, quem a descreva como as "cotas cor-de-rosa" do órgão consultivo instituído por Paulo VI para manter vivo o espírito conciliar e quem, ao contrário, paralelamente, alerte para os riscos gritando que é um "golpe". Até mesmo a última disposição do Papa Francisco em vista do próximo Sínodo sobre a Sinodalidade já é um terreno de confrontos e deixa claro o quanto efetivamente a Igreja está atualmente dividida, atormentada por mil dúvidas. Por um lado, há os episcopados do Norte que pressionam por revisões estruturais de natureza democrática, mas, por outro lado, há muitos bispos que apontam um dilema básico não resolvido.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 27-04-2023.
Até agora, a exclusão das mulheres havia sido objeto de duras reprimendas de religiosas, teólogas e acadêmicas, sobretudo por ocasião dos dois sínodos sobre a família e o da Amazônia. Para acalmar as águas, o Papa Francisco havia admitido alguns observadores, mas sem lhes dar a oportunidade de votar. Posteriormente, ele havia nomeado uma freira francesa (com direito a voto) para a Secretaria do Sínodo e agora, para respeitar as promessas feitas, aprovou as "cotas femininas" com duas mudanças normativas. Com a primeira estabeleceu que dos 10 clérigos eleitos entre as Superioras Maiores, 5 devem ser religiosas. Além disso acrescentou 70 fiéis que ele escolherá a seu critério, extraindo-os de uma lista que lhe será fornecida pelas conferências episcopais: 35 deles obviamente serão mulheres e leigos. Com direito a voto.
Naturalmente, o avanço foi elogiado por Kate McElwee, da Women's Ordination Conference, organização que faz campanha para a ordenação de mulheres ao sacerdócio. No lado oposto estão as flechas do mundo conservador, que tem no blog Messainlatino.it um porta-voz muito popular: "O politicamente correto sob medida é um precedente perigoso para a Igreja. O documento final pode até ser deliberativo em vez de consultivo. O diabo está sempre nos detalhes".
Para tentar acalmar as coisas, os dois cardeais que organizam o próximo Sínodo dos Sínodos estão tentando apaziguar as coisas. "Não é uma revolução: os 70 novos membros são 21% da assembleia, que continua sendo uma assembleia de bispos, com certa participação de não bispos", afirmaram os cardeais Mario Grech e Jean-Claude Hollerich, jesuíta, arcebispo de Luxemburgo e relator geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre as novidades introduzidas pelo papa na assembleia sinodal.
“Caberá às assembleias continentais propor 20 nomes, e o papa poderá escolher 10 de cada continente e da Conferência dos Patriarcas do Oriente Médio. Seria bom que metade desses 70 fossem mulheres e que houvesse jovens, para que a Igreja estivesse bem representada”.
Mario Grech, secretário geral da Secretaria Geral do Sínodo, acrescentou: "A participação dos novos membros não só garante o diálogo que existe entre a profecia do Povo de Deus e o discernimento dos pastores – a circularidade implementada ao longo do processo sinodal –, mas garante a memória: os novos membros são testemunhas da memória, do processo sinodal, do itinerário de discernimento iniciado há dois anos”.
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Ponto de virada do Papa Francisco, no próximo Sínodo ele (finalmente) admite 40 mulheres com direito de voto mas há quem grita que é um ‘golpe’ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU