Jornalista evangélica distorce informação da prefeitura de Taubaté. Artigo de Edelberto Behs

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13 Abril 2023

"É triste constatar que na origem da informação falsa aparece uma jornalista 'evangélica'. É triste contatar que o deputado tão zeloso da causa pública endosse uma fake news para agradar um segmento religioso, que tem se mostrado um grande difusor de mentiras em apoio a um governante entreguista e mentiroso", escreve Edelberto Behs, jornalista.

Eis o artigo.

Notícia divulgada pela Rádio Metropolitana de Taubaté, São Paulo, informava que a prefeitura emitiu circular proibindo que professores da rede pública municipal usassem expressões de cunho religioso em salas de aula, até mesmo a saudação “Deus te abençoe”. A informação foi apresentada ao locutor Alexandre Vilela pela jornalista evangélica Raquel Rodrigues. Circulou inclusive que o Ministério Público teria apoiado a medida da prefeitura.

A jornalista questionou a decisão no ar, dizendo tratar-se de um “mi-mi-mi”, e acrescentou que professores/as tiveram que assinar a circular da Secretaria de Educação dando a sua concordância. O “bananinha”, deputado Eduardo Bolsonaro, teceu comentário em rede social, dizendo tratar-se de “um constrangimento contra cristãos, pois o professor que não seguir a recomendação será punido com advertência. Estudo o que pode ser feito para reagir a isto”. 

O UOL Confere fez a checagem de vídeo publicado no TikTok, publicado em 17 de março, em que aparece um homem dançando e trazendo a informação como divulgada pela emissora. A postagem, com 9,5 mil visualizações até aquela data, não informa em qual cidade isso se passou e conclui com “Tá um circo no Brasil”. 

O UOL Confere constatou que é falso que o Ministério Público tenha feito qualquer recomendação quanto à proibição da saudação “Deus te abençoe”. Também trouxe uma cópia da circular da Secretaria da Educação, de 3 de fevereiro, recomendando a funcionários e docentes das escolas que respeitem a liberdade de crença individual dos alunos, que professores e professoras acolham alunos e alunas no início das aulas com palavras encorajadoras “sem qualquer referência de caráter religioso”. 

Assim nascem as fake news, no caso, uma distorção do que a Secretaria de Educação de Taubaté recomendou numa circular interna, que não continha a exigência de assinatura de professores e professoras concordando com a medida. 

O Coletivo Bereia também fez a checagem da informação e constatou que se tratava de uma notícia enganosa. Esclareceu seus leitores e leitoras que se trata de “um procedimento comum a outros estados e municípios, uma vez que o MP deve atuar para a garantia do cumprimento de princípios constitucionais e das leis do pais, neste caso, os elementos do Estado laico e da liberdade religiosa”. 

É triste constatar que na origem da informação falsa aparece uma jornalista “evangélica”. É triste contatar que o deputado tão zeloso da causa pública endosse uma fake news para agradar um segmento religioso, que tem se mostrado um grande difusor de mentiras em apoio a um governante entreguista e mentiroso. 

O deputado, que está analisando o que pode ser feito contra isso deveria iniciar sua análise na checagem das informações, antes de vir a público questionar uma mentira.

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