Violeta Parra, o Chile ferido e a oração das mulheres. Artigo de Goffredo Fofi

Fonte: Reprodução YouTube

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

31 Mai 2022

 

Certamente muito se falará sobre os 50 anos do golpe no Chile, evocando momentos de extraordinárias convulsões políticas, em todo o planeta, e de extraordinárias tentativas de libertação do poder colonialista das grandes potências, anos repletos de “gritos e furor”, mas também de magníficas esperanças e de grandes experiências coletivas, talvez as últimas na grande História, mas quem sabe...

 

A opinião é do crítico cinematográfico, literário e teatral italiano Goffredo Fofi, em artigo publicado em Avvenire, 27-05-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

Eis o texto.

 

No ano que vem, serão os 50 anos do golpe que, liderado por Pinochet, levou à morte de Salvador Allende no Chile e ao fim de uma grande experiência de democracia popular, autenticamente popular.

Certamente muito se falará sobre isso, evocando momentos de extraordinárias convulsões políticas, em todo o planeta, e de extraordinárias tentativas de libertação do poder colonialista das grandes potências, anos repletos de “gritos e furor”, mas também de magníficas esperanças e de grandes experiências coletivas, talvez as últimas na grande História, mas quem sabe...

 

Mas é uma personagem não exatamente menor dessa história, mas que foi famosa por um tempo e que seria bom se não fosse esquecida que eu gostaria de evocar, o da cantora e militante, precisamente chilena, Violeta Parra, autora, entre outros, da belíssima canção “Rin del angelito”, sobre as crianças que morrem de miséria, e “Gracias a la vida”, que foi por muitos anos uma das mais amadas e executadas em todo o mundo, cantada sempre, creio eu, por mulheres, bem conhecidas, sobretudo Mercedes Sosa e Joan Baez. O irmão de Violeta, Nicanor, foi um poeta importante, no rastro de Neruda, e um amigo deles, também cantor e poeta, Victor Jara, foi assassinado pelos golpistas em setembro de 1973...

 

 

Acho que foi a própria Violeta quem escreveu as palavras de “Gracias a la vida”. Eis os seus primeiros versos, que eu não traduzirei, porque parecem perfeitamente compreensíveis:

 

“Gracias a la vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo...”

 

Simples e compreensíveis, comoventes e admiráveis. Uma “ação de graças” que tem gosto de oração, de uma oração de todos os tempos...

 

E se espera que alguma jovem cantora ainda queira interpretá-la, pois vale para sempre e para todos, com pequenos ajustes, também para os homens, e não poucos deles a cantaram, também na Itália.

 

Os textos das canções de Violeta estão disponíveis em italiano em um antigo livreto da Newton Compton, e as suas apresentações são facilmente encontradas na internet.

 

Leia mais