22 Fevereiro 2022
Somos homens de conhecimento, no entanto somos ignotos para nós mesmos.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 20-02-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Talvez até a pessoa mais superficial em algum momento de sua existência vazia tenha sido atormentada por uma pergunta: quem somos e qual é o sentido de nossa vida? Na imensidão dos espaços cósmicos e no correr dos dias, dos anos e das obras humanas, o que sou eu, ser minúsculo perdido? E mesmo para quem estudou, pensou, viveu com consciência e liberdade, no final permanecem muitos espaços em branco no livro de respostas. Escolhemos uma frase da obra Genealogia da moral (1887) de um filósofo provocador como Friedrich Nietzsche para repropor as questões das quais partimos.
Claro, sabemos muito; aliás, alguns estão convencidos de que a ciência progressivamente explicará tudo. No entanto, há sempre um "além", e paradoxalmente ele não está oculto apenas no universo, mas também naquele mikròs kósmos, como já no século V-IV a.C. o filósofo Demócrito definia o homem. Era a mesma sabedoria clássica que então cunhava o famoso apelo gnôthi seautón, "conhece-te a ti mesmo", gravado – reza a história - no frontão do templo de Delfos.
Um exercício "in-finito" que deveria constelar com mais frequência a nossa vida para descobrir pelo menos alguma dobra do mundo interior. Mas, para que a busca seja eficaz, é preciso um oásis de meditação: curiosamente, um conto do escritor Raymond Carver dedicado a esse tema intitulava-se Você poderia ficar quieta, por favor?
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#ignotos. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU