05 Janeiro 2022
O fenômeno na Polônia, pátria catoliquíssima de São João Paulo II, é no mínimo preocupante, mas o alarme também diz respeito ao resto da Europa. Trata-se do declínio "devastador" da prática religiosa dos jovens. Wojciech Polak, arcebispo de Gniezno e primaz da Polônia, definiu claramente o que agora é um declínio imparável. Ele praticamente admitiu que a causa desse afastamento tem a ver com o fracasso da hierarquia católica em lidar com os abusos sexuais.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 04-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Muitas mentiras, falta de transparência, tendência a menosprezar, várias ações destinadas a marginalizar até as vítimas: tudo isso ao longo do tempo criou um clima pouco atraente para os jovens, em busca perpétua de modelos e ideais em quem se inspirar. Daí o abandono.
Polak em uma entrevista à agência polonesa PAP destacou os dados desse declínio progressivo: praticamente apenas 25% dos jovens se dizem praticantes. No início da década de 1990, o número era de quase 70%. "Esses são números simplesmente devastadores."
Questionado sobre se o fracasso em lidar com a pedofilia possa ter tido um papel neste declínio, o arcebispo confirmou que “sem dúvida, a negligência dos vértices que não se colocaram ao lado das vítimas minou nossa credibilidade como comunidade eclesial”.
Nos últimos anos, um grande número de casos de abusos veio à tona graças a uma campanha massiva da imprensa na Polônia. O Vaticano, apenas num segundo momento, teve que correr aos reparos, dispondo punições para os bispos que no passado haviam encoberto tantos casos horríveis de pedofilia.
Polak afirma que tantas revelações causaram uma profunda crise de fé levando as pessoas a abandonar completamente a igreja. “Não é um processo fácil de purificação, mas é necessário para voltar a ter cada vez mais credibilidade”.
Uma pesquisa divulgada no início de 2020 mostrou que a Igreja Católica sofreu um declínio maior na confiança do que qualquer outra grande instituição.
Nos últimos meses, a diocese de Cracóvia publicou um manual para todos os párocos para proibi-los de deixar crianças entrar em suas casas. Uma medida de dissuasão extrema para evitar qualquer tipo de contato depois que a opinião pública se levantou diante de casos flagrantes de abusos.
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Polônia, os jovens abandonam a Igreja, apenas 25% frequentam uma paróquia: culpa do escândalo dos abusos sexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU