20 Outubro 2021
Número de domicílios em situação de segurança alimentar caiu de 84,1% para 76,5% no RS entre 2013 e 2018.
A reportagem é de Luís Gomes, publicada por Sul21, 18-10-2021.
O Departamento de Economia e Estatística (DEE), antiga FEE e atualmente vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), divulgou na última sexta-feira (15) dados referentes à erradicação da pobreza e ao enfrentamento da insegurança alimentar no Rio Grande do Sul, que alertam para o aumento da pobreza e da fome no Estado e no Brasil mesmo antes da pandemia de covid-19.
A partir de dados de pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo analisa o cumprimento dos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a promoção de um esforço global de enfrentamento dos desafios ambientais, políticos e econômicos mais urgentes do mundo. Uma das metas estipuladas é acabar com a fome e garantir o acesso regular de todas as pessoas a alimentos seguros, nutritivos e suficientes até 2030.
Com relação ao ODS de erradicação da pobreza, o estudo do DEE apontou piora nos dados do Rio Grande do Sul e do Brasil entre 2015 e 2019. Em 2015, 1,4% dos gaúchos estavam abaixo da linha da pobreza extrema. Em 2019, eram 2,2%.
O estudo destaca que, desde 2015, é considerada a linha da pobreza extrema a renda per capita diária de US$ 1,90, enquanto as linhas da pobreza foram colocadas em US$ 3,20 e US$ 5,50, sendo o último patamar o recomendado para países com renda equivalente a do Brasil.
O levantamento também aponta que, em 2015, 3,5% dos gaúchos tinham renda de até US$ 3,20 por dia e 10,8% até US$ 5,50. Em 2019, esses números passaram a ser de 4,2% e 11,1%, respectivamente. De positivo, o estudo aponta que houve melhoria entre 2018 e 2019, uma vez que 5,1% dos gaúchos viviam com renda diária de US$ 3,20 e 13,1% com renda diária de até US$ 5,50.
Já em relação ao Brasil, o estudo mostra que, em 2015, 4,9% das pessoas vivia com renda diária de até US$ 1,90, 10,8% com até US$ 3,20 e 23,7% com até US$ 5,50. Em 2019, os percentuais subiram para, respectivamente, 6,5%, 12,2% e 24,7%.
Com relação à insegurança alimentar, o estudo do DEE aponta que, em 2013, 84,1% dos domicílios gaúchos viviam em condições consideradas como de segurança alimentar, enquanto 1,9% viviam em situação de segurança alimentar grave. Já em 2017/2018 — últimos dados analisados –, o número de pessoas vivendo em condições adequadas de alimentação caiu para 76,5%, enquanto aqueles que vivem em situação grave passou para 2,4%.
O estudo ressalta que a piora ocorreu de forma generalizada no Brasil, o que fez com que o RS, mesmo apresentando indicadores piores, passasse de 5º para o 3º lugar no ranking dos estados com melhor situação de segurança alimentar.
No Brasil como um todo, o número de domicílios em situação de segurança alimentar caiu de 77,4%, em 2013, para 63,3% em 2017/2018, com a situação de fome grave subindo de 3,2% para 4,6% dos domicílios.
Apesar de os estudos usarem dados anteriores à pandemia, a SPGG informou também que, em janeiro de 2021, 947.112 mil gaúchos viviam com até R$ 89 por mês, conforme dados do Cadastro Único (CadÚnico), o que representa 8% da população vivendo em condição de extrema pobreza, segundo os parâmetros definidos pelo governo federal para enquadramento nos programas sociais. Quando considerada a linha da pobreza, de ganhos mensais de até R$ 178, o número de pessoas chega a 1.291.678, isto é, 11% da população gaúcha.
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Estudo aponta aumento da fome e da pobreza no RS e no Brasil mesmo antes da pandemia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU