19 Outubro 2021
"O Cimi Sul, diante da antipolítica indigenista que incentiva a exploração das áreas, se coloca, de forma radical, contra toda e qualquer perspectiva de uso das terras, seja por meio de arrendamentos, parcerias agrícolas ou outras formas de esbulho", declara o Conselho Indigenista Missionário – Regional Sul, em nota de repúdio publicada por Sul21, 17-10-2021.
Eis a nota.
O Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, vem a público denunciar as práticas criminosas de arrendamentos de terras indígenas que desencadearam, nos últimos meses, uma série de violências em áreas Kaingang no Rio Grande do Sul.
Há registros de conflitos internos, em função dos arrendamentos, nas terras de Nonoai, Serrinha, Ventara, Carreteiro e Guarita.
Não se pode mais continuar tapando o sol com a peneira. Ou os órgãos de controle e fiscalização da lei agem ou se tornarão cúmplices da exclusão, da fome, do abandono e das mortes nas terras indígenas.
É chegado o momento de se reverter o quadro perverso de esbulho e violência, e começar a identificar, processar os que se beneficiam da produção de soja transgênica dentro das áreas indígenas. São grupos de pessoas que há décadas exploram os bens da União, terras que deveriam ser destinadas ao usufruto exclusivo dos povos. Os que arrendam as terras indígenas precisam ser responsabilizados por esses crimes e pelo incentivo, de fora para dentro das comunidades, à violência. Fechar os olhos para os crimes é o mesmo que avalizá-los.
O Cimi Sul repudia veementemente todas práticas de violência internas e externas. Mas esse dia, 16 de outubro de 2021, ficará marcado como um dos mais sombrios e cruéis da história recente dos povos originários. Há notícias de que quatro pessoas foram assassinadas, como resultado de um conflito interno, dentro da Terra Indígena Serrinha, município de Ronda Alta, no norte do Rio Grande do Sul. Muitas outras acabaram sendo espancadas, aprisionadas e tudo para saciar a saga do lucro e da ganância sobre os bens indígenas.
O Cimi Sul denuncia essa prática de esbulho e as violências contra as vidas dela decorrentes. Denúncia, também, a omissão e negligência, premeditada ou não, dos órgãos públicos que deveriam atuar no sentido de proteger os bens da União e manter em segurança as comunidades.
O Cimi Sul, diante da antipolítica indigenista que incentiva a exploração das áreas, se coloca, de forma radical, contra toda e qualquer perspectiva de uso das terras, seja por meio de arrendamentos, parcerias agrícolas ou outras formas de esbulho.
O Cimi Sul solidariza-se com as vítimas das violências, mas, especialmente hoje, repudia a covardia dos crimes e manifesta seus pêsames aos familiares daqueles que foram assassinados.
Há que se dar um basta aos arrendamentos, essas práticas excluem, marginalizam e matam os filhos da mãe terra.
Chapecó, SC, 16 de outubro de 2021.
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Arrendamentos da morte! Repúdio às violências em terras indígenas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU