11 Setembro 2021
O maior e mais abrangente estudo até hoje sobre os efeitos dos incêndios florestais na saúde no Brasil revela as graves consequências dessas queimadas para a saúde, relacionando a exposição aos poluentes dos incêndios florestais ao aumento da hospitalização.
A reportagem é de Monash University, publicada por EcoDebate, com tradução e edição de Henrique Cortez, 09-09-2021.
No ano passado, o número de incêndios florestais no Brasil aumentou 12,7 por cento para o máximo de uma década. Agora, o maior e mais abrangente estudo até hoje sobre os efeitos dos incêndios florestais na saúde no Brasil revela as graves consequências dessas queimadas para a saúde, vinculando a exposição aos poluentes dos incêndios florestais ao aumento da hospitalização.
Este ano, 260 grandes incêndios foram detectados na Amazônia, queimando mais de 105.000 hectares (260.000 acres) – uma área aproximadamente do tamanho de Los Angeles, Califórnia.
Mais de 75 por cento desses incêndios ocorreram na Amazônia brasileira, em áreas onde as árvores foram cortadas para dar lugar à agricultura, apesar da proibição de 27 de junho de incêndios ao ar livre não autorizados pelo governo brasileiro.
O professor Yuming Guo e o Dr. Shanshan Li, da Escola de Saúde Pública e Preventiva da Monash University em Melbourne, Austrália, conduziram um estudo internacional sobre os efeitos desses incêndios na saúde. Os resultados foram publicados hoje no The Lancet Planetary Health.
O estudo constatou entre 1º de janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2015, um aumento de 10 ug / m 3 nas partículas finas relacionadas ao incêndio florestal (PM 2,5 ) no ar foi associado a um aumento nas hospitalizações gerais de 0,53 por cento diretamente relacionado à exposição a poluentes de incêndios florestais. Isso corresponde a 35 casos por 100.000 habitantes anualmente, o que significa mais de 48.000 brasileiros hospitalizados anualmente pela poluição por incêndios florestais, principalmente nas cidades das regiões Norte, Sul e Centro-Oeste. As regiões Nordeste do país apresentaram as taxas mais baixas.
O estudo constatou que as hospitalizações em geral foram “particularmente altas em crianças de quatro anos ou menos, em crianças de cinco a nove anos e em pessoas com 80 anos ou mais”.
O estudo analisou mais de 143 milhões de hospitalizações de 1.814 municípios cobrindo quase 80 por cento da população brasileira durante os 16 anos do estudo até o final de 2015, comparando esses dados aos níveis diários de PM 2,5 relacionados a incêndios florestais no ar em cada um dos esses municípios. Mesmo a exposição de curto prazo ao PM 2,5 , as pequenas partículas dentro da fumaça do incêndio, pode desencadear asma, ataque cardíaco, derrame, diminuição da função pulmonar, hospitalização e morte prematura.
“Esses dados revelam impactos significativos de incêndios florestais na saúde, em um momento antes dos incêndios de 2019 em todo o Brasil chamarem a atenção global, seguido por um período de incêndios igualmente intenso no ano passado”, disse o professor Guo.
Tem havido um aumento de incêndios em todo o Brasil desde a década de 1990, em grande parte devido ao desmatamento e degradação florestal de atividades humanas, como mineração, extração de madeira e agricultura. Embora as atividades de fogo geralmente ocorram durante a estação seca, de agosto a novembro, a duração da estação seca está aumentando, de acordo com estudos anteriores.
Enquanto a maioria dos incêndios florestais ocorre em áreas remotas do Brasil, “a fumaça tóxica desses incêndios florestais na região amazônica pode subir de 2.000 a 2.500 km na atmosfera e viajar grandes distâncias, ameaçando pessoas a milhares de quilômetros de distância”, disse o professor Guo.
Número de internações hospitalares associadas a PM 2 · 5 relacionado a incêndios florestais em 1.814 municípios brasileiros por região, sexo e idade, 2000–15.
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Mais de 48 mil brasileiros hospitalizados anualmente por exposição à poluição de incêndios florestais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU