04 Agosto 2021
“É alentador constatar que a Justiça tenta enfim traçar uma linha vermelha para o vandalismo institucional de Bolsonaro; é exasperante verificar que o presidente não se intimida e continua com seus ataques. Adoraria dizer que o Judiciário triunfará, mas não estou seguro disso. O problema é que, no âmbito penal, a Justiça pode pouco contra o chefe do Executivo. Se entrarem numa disputa tipo cabo de guerra, o presidente ganha. O pecado original está na Constituição, mais especificamente no § 4 do artigo 86, que determina que o presidente, na vigência de seu mandato, não seja responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções” – Helio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“Esquecendo Bolsonaro, penso que é preciso calibrar melhor as imunidades presidenciais. Nosso sistema é herança de tempos em que figuras presidenciais preferiam cometer suicídio a ver-se investigadas por um crime. Não é mais o caso” – Helio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“Nem os mais confiantes ministros do Tribunal Superior Eleitoral acreditavam que Jair Bolsonaro recuaria de seus ataques às urnas eletrônicas. Mesmo investigado por espalhar mentiras sobre o sistema de votação, o presidente mostrou que vai insistir nessas lorotas e numa ameaça constante de golpe. São suas armas definitivas para a eleição de 2022. Os dois lados se organizam para uma longa batalha” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“O voto impresso, exaltado pela seita bolsonarista, é a porta de entrada para retrocessos muito mais pesados. Deve ser barrado pelo Congresso, mas a sua discussão é uma pequena amostra do mundo distópico e reacionário sonhado pelos minions. O Brasil seria uma mistura de perda de direitos individuais, falta de empatia, desigualdade, violência e mau gosto” – Mariliz Pereira Jorge, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“Primeiro foi a cloroquina e o remédio para piolho, agora são as urnas eletrônicas. Quase 600 mil mortes são detalhe. Os minions vão às ruas protestar contra uma tecnologia que deu certo, a favor de um governo que é todo errado. E de mau gosto” – Mariliz Pereira Jorge, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“A essa altura do campeonato, é ocioso dizer quantos Rubicões já foram cruzados por Jair Bolsonaro, mas talvez seja importante notar que a tomada da Roma institucional que ele ataca ainda está longe de se concretizar” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“Chama a atenção de líderes partidários ouvidos pela reportagem o caminho escolhido por Bolsonaro, considerado sem volta. Para um deles, a impressão é de que o presidente busca ser punido, cassado, impedido, apenas para botar em marcha seu plano de melar o pleito de 2022 de forma acelerada. O problema para Bolsonaro é, a exemplo de um presidente que buscou o roteiro da martirização em busca da redenção, Jânio Quadros, o fato de que está crescentemente isolado” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“O apoio do centrão, que já esvaiu-se por muito menos em outros governos, não sobrevive a um vídeo de urna eletrônica sendo esmagada com porretes. Mesmo com a vaca orçamentária dando leite, vista grossa tem limites, e não se pode desconsiderar o fastio generalizado com a figura do presidente. O Congresso hoje está fatiado entre a minoria sólida que sustenta a defesa do governo, um grande contingente já fazendo contas para aderir a uma candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um grupo intermediário atrás de uma alternativa aos dois” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“A erosão da imagem dos fardados, fiadores da aventura Bolsonaro, só aumenta, vide o papelão feito por um coronel ao se passar por especialista em fraude eletrônica na bizarra live” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
"Só quem não conhece a história das eleições no Brasil desmerece a importância da urna eletrônica, que eliminou a possibilidade de fraude através dos mapas de totalização. As acusações dirigidas a Vossa Excelência e à Corte são fruto de um tipo de prática política que não estão em sintonia com [a] República democrática, onde deveria imperar a separação de poderes com respeito mútuo” - Luiz Viana Queiroz, vice-presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em carta de apoio ao ministro do Supremo e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, que tem sido alvo de repetidos ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas últimas semanas” – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“Como (Bolsonaro) não governou de fato e cometeu crimes de responsabilidade, a pandemia derrubou o último resquício do disfarce que incorporou à sua triste figura. A popularidade caiu vertiginosamente. Quem não o conhecia agora já o conhece. Por isso, ergue dois pontos de apoio que lhe permitam o novo salto. Primeiro, busca um fato espetacular que o vitimize. Para isso incita o Brasil com suas provocações e ataques gratuitos. Segundo, a definição pelo Congresso de instrumentos que lhe permitam fraudar as eleições, fingindo que não aconteceram. O que ele quer é uma travessia direta ao infinito poder com seu grupo de motoqueiros esportivos, militares fisiológicos, milicianos e seitas dos costumes viciadas em barrar a civilização” – Rosângela Bittar, jornalista – O Estado de S. Paulo, 04-08-2021.
“Uma ação mais objetiva do comando do Congresso se faz necessária. A começar pela derrubada sumária, no início do semestre, da emenda constitucional que acaba com a urna eletrônica. Em seguida, promover a união do Legislativo ao Judiciário na defesa efetiva das eleições livres. O País precisa de tempo para se reconstituir. O presidente que vier deverá iniciar seu mandato ao modelo Joe Biden, anulando atos oficiais absurdos e começando a trabalhar a partir da massa falida moral, sanitária, política, social, econômica, a herança que deixará o governo Bolsonaro” – Rosângela Bittar, jornalista – O Estado de S. Paulo, 04-08-2021.
“Bolsonaro segue assim a cartilha tradicional dos candidatos a ditador: escolhe um inimigo, a quem atribui todo o mal, e se apresenta como vítima de perseguição de forças ocultas. Reivindica ter seu próprio “exército” – se não as Forças Armadas, que seja o punhado de camisas pardas que o adulam – e ameaça desestabilizar o País se não lhe fizerem suas vontades e as de sua família. Tem tudo para ser apenas bravata, mas, pelo sim, pelo não, Bolsonaro deve saber que esta República, ao contrário do que ele gostaria, não é uma terra sem lei” – editorial “Da palavra à ação” – O Estado de S. Paulo, 04-08-2021.
“A notícia crime enviada simultaneamente ao STF, com a live de Bolsonaro, para ser incluída na investigação das fake news, está sendo considerada um movimento inédito. Os ministros não estavam vendo o diálogo com o governo Bolsonaro surtir efeito, por isso, a decisão de agir agora, segundo fonte tarimbada do TSE” – Sônia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 04-08-2021.
“Um ex-presidente da Câmara dos Deputados fez constatação aguçada ontem, durante almoço em Brasília. Disse, para um grupo de políticos à mesa, que “Bolsonaro tem coragem de brigar Luís Roberto Barroso, mas tem medo de Alexandre de Moraes, responsável pela ação das fake news no STF” – Sônia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 04-08-2021.
“Enquanto a polarização campeia solta, Jair Bolsonaro inicia este agosto historicamente fatídico na política brasileira com algum alento. O presidente, com a ajuda dos mais ricos, parece ter estancado o processo contínuo de perda de popularidade, que alguns analistas chegaram a classificar como 'derretimento'. O grande desafio de Bolsonaro, porém, persiste no Planalto: a rejeição permanece alta entre os mais pobres. Essa é uma das conclusões da mais recente pesquisa da consultoria Quaest, feita em parceria com a Genial Investimentos. Avaliação do governo Bolsonaro não mudou no último mês, mostra segunda rodada da Genial/Quaest: 26% avaliam positivamente a gestão e 44%, negativamente. Mas esse quadro se alterou. De um lado, aumentou a rejeição ao governo entre os mais pobres e diminuiu no estrato de renda alta, que voltou a apoiar o presidente, talvez por conta da ausência de uma “terceira via” consolidada de centro-direita”- Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 04-08-2021.
“Como os mais ricos são numericamente menores, o efeito na avaliação geral é marginal. O desafio de Bolsonaro continua sendo reconquistar os mais pobres e isso, claro, só acontece se o governo convencer mais gente de que a economia vai melhorar. A pesquisa completa será divulgada nesta quarta-feira, 4”- Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 04-08-2021.
“A sensação não vem de agora. Começou com a campanha presidencial de Bolsonaro, ou antes até. Algumas pessoas da minha geração —os que entraram na universidade entre 1975 e 1985— têm dito a mesma coisa. Não reconhecem mais o Brasil; tudo lhes parece incompreensível, selvagem, fora de alcance. Como se, de repente (isso me aconteceu uma ou duas vezes) entrássemos de carro numa avenida deserta, sem perceber que estávamos na contramão. No instante seguinte, o fluxo avança, e teremos sorte se conseguirmos subir na calçada sem trombar de frente” – Marcelo Coelho, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“Vejo com espanto que, com tudo o que tivesse de contrário a minhas convicções, o mundo de Collor ainda era próximo do meu. Um ministro dele, eu conhecia dos corredores da USP. O vice de Collor, bem ou mal, era Itamar Franco. O ministro da Cultura era Sérgio Paulo Rouanet. O próprio presidente, entre um e outro passeio de jet-ski, foi para a Espanha e visitou o Museu do Prado” – Marcelo Coelho, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“Aquele meu mundo tinha diferenças internas: havia fernando-henriquistas, lulistas, neoliberais, marinistas, adeptos do PSOL, roqueiros, amantes da ópera, ex-hippies, deslumbrados. O Brasil cabia nessas diferenças todas; o Brasil era "nosso". Sinto que isso foi sumindo para dentro de um buraco. Parte da "minha turma" entrou nele. Gente perseguida pelo regime de 1964 votou no defensor de Brilhante Ustra!” – Marcelo Coelho, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
“Mas não é só o apoio a Bolsonaro. Quando você menos espera, um parente ou amigo anuncia que não vai se vacinar. Era uma pessoa razoável, frequentadora do Cine Belas Artes. Outro fura a fila da vacina. Era uma pessoa corretíssima, incapaz de estacionar na fila dupla. (...) Talvez seja uma coisa que aconteça com todas as gerações. A minha - o que ainda resta dela - já vai perdendo seu lugar no mundo” – Marcelo Coelho, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-08-2021.
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Brasil sob Bolsonaro: Incompreensível, selvagem, fora de alcance - Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU