13 Julho 2021
“É verdade que (semipresidencialismo) funciona razoavelmente bem em várias nações, mas não me parece o mais adequado para o Brasil. No país do "fui traído" (Lula, 2005), do "fui vítima de uma conspiração" (Temer, 2017) e do "não posso tomar providências sobre tudo" (Bolsonaro, 2021), parece-me um erro oferecer mais possibilidades institucionais para governantes se eximirem de obrigações. A maior virtude da democracia é simplificar os processos pelos quais o eleitor despacha maus governantes para casa. Assim, vejo com um pé atrás tudo o que dilua ou obnubile responsabilidades” – Helio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-07-2021.
“Os chiliques presidenciais contra o voto eletrônico têm zero de fundamentação. Só convencem seguidores fanáticos e setores radicalizados das Forças Armadas e do sistema de segurança (polícias militares e civis dos estados, PF, PRF). É com eles que pretende investir na turbulência social e política até 2022” – Cristina Serra, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-07-2021.
“Entre 2010 a 2018, a quantidade de policiais e de militares eleitos deputados federais aumentou exponencialmente (950%), segundo levantamento do Instituto Sou da Paz. Nesse mesmo período, 8 em cada 10 policiais candidatos estavam vinculados a partidos de direita e de centro-direita, segundo pesquisa do sociólogo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública). O pico dessa tendência conservadora foi em 2018, quando 9 em cada 10 policiais foram candidatos à direita” - Fernanda Mena, mestre em direitos humanos pela LSE (London School of Economics), doutora em relações internacionais pela USP – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“O bolsonarismo é avassalador dentro das polícias, especialmente da Polícia Militar. (...) Existe um bolsonarismo democrático, ainda que reacionário, mas também há um bolsonarismo de extrema direita, para o qual a democracia não é solução para o Brasil” - Glauco Carvalho, coronel da reserva, ex-comandante da PM da capital paulista e doutor em ciência política pela USP – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“As polícias à direita vêm se tornando um problema no mundo inteiro. Se piscar, você perde o controle” - Silvia Ramos, socióloga, Centro de Estudos em Segurança e Cidadania (CESeC) – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“Bolsonaro está formando uma estrutura hobbesiana, dizendo que arma é liberdade e ampliando o conceito de excludente de ilicitude. É aí que acaba o Estado democrático de Direito. (...) Bolsonaro é o cara da lei e da ordem, linha-dura, mas a lógica dele é desmontar o regramento, construindo o caos. Hoje, há cada vez mais grupos radicais armados. (...) Ainda assim, o maior problema é a autonomia que impera nas instituições policiais” - Melina Risso, diretora de programas do Instituto Igarapé – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“Bolsonaro é uma ameaça à institucionalidade, não porque seja forte, mas por saber explorar como poucos a omissão e o temor de outros poderes e instâncias. (...) Os riscos de instabilidade acabam se tornando mais generalizados nos estados governados pela oposição ou por figuras que romperam com o bolsonarismo radical. O que pode acontecer nesses estados se a polícia resolver ser do contra?” - Renato Sérgio de Lima, sociólogo, diretor-presidente do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“Os Bolsonaro se tornaram porta-vozes e representantes dessa ideologia miliciana, que enxerga a lei como algo que atrapalha a polícia e seu trabalho. Eles têm mentalidade anti-Constituição de 1988, de se impor a partir de gente armada contra o Estado democrático de Direito” – Bruno Paes Manso, jornalista e cientista político – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“Em algum momento, ele deve dar o truco. Mas até que ponto ele teria uma liderança capaz de articular todos os armados do Brasil? Eu acho que ele não tem, que existe uma institucionalidade” – Bruno Paes Manso, jornalista e cientista político – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“O golpe não precisa ser no modelo tradicional de ruptura nem no modelo húngaro, que é progressivo. Essa história do voto impresso é a senha, e o roteiro é simplíssimo. (...) Em uma cidade qualquer, alguém grita fraude e diz que o voto impresso é diferente daquele digitado na urna eletrônica, e a urna é suspensa. Isso pode ocorrer simultaneamente pelo Brasil, inviabilizando o processo eleitoral. Se o presidente gritar fraude, os policiais serão os primeiros a agir em seu nome” - Luiz Eduardo Soares, antropólogo – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“No fundo, nós nunca tivemos coragem de fazer as reformas necessárias para democratizar as forças policiais e militares. Na prática, a PM faz o que bem entende e define seus próprios mecanismos internos de controle. São instituições que decidem na ponta, o que é da natureza das polícias. Só que ninguém fiscaliza” - Renato Sérgio de Lima, sociólogo, diretor-presidente do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) – Folha de S. Paulo, 11-07-2021.
“Não é o impeachment que desestabiliza a política. No caso, o impeachment é para tirar quem vem desestabilizando não apenas a política, mas as próprias eleições de 2022, com ameaças e chantagens. Antes, alguém podia pensar que toda a confusão do bolsonarismo era para esconder a incompetência de Jair Bolsonaro ou para consagrar alguma estranha ideologia, que tenta de todos os modos atrapalhar o próprio governo. Agora, no entanto, a maioria da população já entendeu que existem outros motivos para ameaçar as eleições” – editorial “A população já entendeu” – O Estado de S. Paulo, 13-07-2021.
“A Arko Advice destacou, ontem, um aspecto curioso da pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial: a divisão de voto por faixas de renda. Hoje, na simulação de renda de até dois salários mínimos por mês, a disputa esta 57% dos votos para Lula e 18%, para Bolsonaro” – Sonia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 13-07-2021.
“Na faixa de dois a cinco salários mínimos mensais, o petista está numericamente à frente, mas tecnicamente empatado com Bolsonaro: 36% e 33%, respectivamente. E a partir de cinco salários mínimos a dez, a vantagem é de… Bolsonaro. Cinco (41% a 21%) e dez (36% a 22%). Acima de dez, empatam” – Sonia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 13-07-2021.
“No domingo, em Porto Alegre, empresários gaúchos prestigiaram Bolsonaro. Não só acompanhando o passeio de moto, mas também comparecendo a almoço na NTX, casa de eventos da cidade. Destaque para Jorge Gerdau, Eduardo Logmann, Irineu Boff e Carlos Biedermann” – Sonia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 13-07-2021.
“Conhecido empresário, com trânsito pelo Brasil, lamentou: “A melhor maneira de ajudar Lula a vencer as eleições presidenciais é apoiando Bolsonaro” – Sonia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 13-07-2021.
Nesta quinta-feira, 15-07, às 17h30min, o IHU realiza a webconferência Regulações pela violência: impacto das operações policiais e as ações das milícias, com o Prof. Dr. Daniel Hirata.
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Bolsonarismo avassalador dentro das polícias – Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU