17 Mai 2021
"E é assim que o Brasil caminha para deixar de se inserir na ecumene, no conjunto dos países em desenvolvimento, na comunidade científica internacional, no concerto das nações democráticas. Por que não retroceder, se temos um messias rei?", questiona Edelberto Behs, jornalista.
O presidente já avisou: se a cédula eleitoral não for de papel, não haverá eleições em 2022. Bem ao estilo “o rei sou eu, e ponto!”. Bem democrático. Talvez esteja no horizonte presidencial outras alterações progressistas, vanguardistas. Vamos a elas.
Quando anunciará que vai trocar os computadores do Planalto e dos Ministérios por máquinas de escrever? Também vai trocar a famosa caneta Bic por bico de pena e tinta nanquim?
O carro presidencial em Brasília será uma carruagem puxada por quatro cavalos. O Boeing da Presidência da República ficará no hangar, porque o mandatário vai empreender suas viagens interestaduais de trem.
Ah, e nada de passeios de moto, que será substituída pela bicicleta. De jet-ski, então, nem se fala. Agora será na base do remo na canoa, ou impulsionada pelo vento, seja em águas do Paranoá, seja em águas atlântidas.
Um projeto que já vem de longa data é a troca da vacina pela cloroquina. O dr. Messias sabe das coisas. E ataca pela raiz: xinga a China, essa manipuladora do Covid-19, para que o Brasil deixe de receber os insumos necessários à produção da vacina brasileira.
Imitando a monarquia medieval, o rei até trouxe a Brasília um bobo da corte que devia estar trabalhando em legislativo municipal. Ah, e nada mais de mensagens virtuais. Agora será por sinal de fumaça, para ser coerente com o voto em papel.
O rei tinha no projeto adotar a luminária a querosene. Mas alguém soprou no ouvido dele que, afinal de contas, o petróleo está muito caro e, desligando a eletricidade em toda a Brasília, a manteiga que ele passa no pão poderia se estragar.
O fogão a gás, de novo por causa do custo do petróleo, dará lugar ao fogão a lenha. Nada de chuveiro elétrico. O povo vai ter que esquentar a água em baldes e tomar um banho meia boca, a conta gotas.
Insumos para fogões a lenha tem aos montes. Não é em vão que a Amazônia enfrenta os maiores índices históricos de desmatamento, de baciada. E se não é árvore derrubada, é árvores queimada. Já serve pra carvão.
Relógios serão jogados no lixo. Afinal de contas, dá para averiguar as horas recorrendo a relógios de sol. Em dias nublados, quando não se consegue essa leitura, é fácil acompanhar o dia: quando claro, é dia; se escuro, é noite.
E é assim que o Brasil caminha para deixar de se inserir na ecumene, no conjunto dos países em desenvolvimento, na comunidade científica internacional, no concerto das nações democráticas. Por que não retroceder, se temos um messias rei?
Aprovar a cédula de papel para as eleições de 2022 é uma proposta tão absurda como as demais arroladas acima. É preciso desenhar, escrachar o ridículo para que ela não se concretize e cidadãos, cidadãs, se deem conta desse disparate.
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O Brasil avança no passado do progresso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU