08 Fevereiro 2021
Em novembro de 2020, o então presidente eleito Joe Biden em um evento do Serviço Jesuíta aos Refugiados disse que ele assumiria uma direção dramaticamente diferente das administrações anteriores sobre a admissão de refugiados.
Em 04 de fevereiro, Biden entregou uma de suas promessas, assinando uma ordem para aumentar o limite de acolhida a refugiados para 125 mil no ano de 2021.
A reportagem é de Rhina Guidos, publicada por National Catholic Reporter, 05-02-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“Levará tempo para reconstruir algo que foi tão danificado, mas é exatamente isso que faremos”, ele disse, fazendo referência ao recente desmantelamento do programa sob o governo Trump, que derrubou o limite de refúgios no último ano para menos de 15 mil.
Enquanto o mundo enfrenta uma crise de mais de 80 milhões de pessoas deslocadas em busca de refúgio, os Estados Unidos podem voltar para o que já foi uma vez, afirmou Biden em uma mensagem televisionada, transmitida desde o Departamento de Estado dos EUA.
“Nós oferecemos segurança para aqueles que fogem da violência ou perseguição e nosso exemplo impulsiona outras nações a também abrirem suas portas”, afirmou, falando de um passado político quando a admissão de refugiados era uma missão bipartidária. “Então, hoje, estou aprovando ordens executivas para começar o difícil trabalho de restaurar nosso programa de admissão a refugiados para ajudar a resolver uma necessidade global sem precedentes”.
Biden disse que está ordenando ao Departamento de Estado “para que consulte o Congresso sobre fazer cumprir o compromisso assim que possível”.
O limite de refugiados é o número máximo de pessoas deslocadas que os EUA decidem reassentar em um ano fiscal. Biden inicialmente anunciou o número de refugiados que o país deveria procurar para reassentar em um evento virtual de 12 de novembro de 2020, que marcava o 40º aniversário do SJR.
Durante a presidência de Trump, a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, junto com outras organizações católicos e diversos grupos religiosos e seculares, empenharam esforços na assessoria e defesa para o aumento do limite de refugiados no país.
Mas, em vez disso, pouco a pouco, a equipe de Trump reduzia os números – em uma tendência dramática.
Horas depois de assumir o gabinete em janeiro de 2017, Trump anunciou que estava cortando o limite de 110 mil, aprovado sob governo de Obama, para 50 mil. A administração consistentemente baixou os números a cada ano.
Em 2019, o governo Trump anunciou instituir o limite de 18 mil refugiados para o ano de 2020, mas menos de 10 mil pedidos de refúgio foram aceitos até então.
Organizações católicas e de outras religiões saudaram as notícias sobre a ordem de Biden.
Susan Gunn, diretor da Secretaria para Assuntos Globais da Congregação Maryknoll, declarou em 04 de fevereiro, que a organização “celebra essa decisão”.
“Abrindo nossas portas para refugiados durante uma crise global de refugiados é a coisa correta a se fazer”, disse ela. “Os missionários Maryknoll trabalhando em campos de refugiados ao redor do mundo sabem que centenas de milhares de famílias de refugiados estão sofrendo por necessidades e esperando muito tempo em condições inseguras... como pessoas de fé aqui nos Estados Unidos, nós estamos chamando para criar comunidades de acolhida”.
“Acolhendo mais refugiados, nós mostramos ao mundo que nós estamos abertos, uma nação tolerante que protege os vulneráveis. Liderando pelo exemplo encoraja outros países a serem mais acolhedores também”, disse Bill O'Keefe, vice-presidente de missão, mobilização e advocacy na Catholic Relief Services, em reposta ao anúncio do novo governo – a CRS é uma agência internacional dos bispos dos EUA para ajuda e desenvolvimento.
“Como uma organização que apoia refugiados em muitos países, incluindo Uganda e Bangladesh, nós testemunhamos tensões sobre aquelas famílias e comunidades. A covid-19 tem feito dos refugiados ainda mais vulneráveis. Esses homens, mulheres e crianças estão fugindo da guerra, perseguição e violência extrema”, afirmou O'Keefe.
“Nós continuaremos a urgir ao governo dos EUA para prover assistência humanitária estrangeira e endereças as causas principais deslocamento forçado, incluindo conflito e perseguição”, acrescentou. “Nós precisamos utilizar todas as ferramentas disponíveis, incluindo reassentamento de refugiados, para apoiar os mais vulneráveis do mundo”.
Ashley Feasley, diretor de política do Serviço para Migração e Refugiados na Conferência dos Bispos dos EUA, disse em entrevista ao Catholic News Service, em 13 de novembro, que a mudança na política de refugiados nos EUA alavancaria uma rede de agências internacionais e domésticas, cujo trabalho de reassentamento gotejou nos últimos anos.
Desde o início do programa de refugiados, há 40 anos, até o governo Trump, o país recebia uma média de 80 mil refugiados por ano.
Mas as agências e a equipe que já ajudaram no reassentamento fecharam suas portas. A covid-19 também afetou as viagens e a capacidade dos trabalhadores de examinar os refugiados antes de entrarem nos Estados Unidos.
Feasley disse que seria necessário muito esforço, reconstruindo relações com agências globais, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, para fazer o programa voltar ao que era antes.
“Não vejo chegando a 125 mil neste ano fiscal, mas vejo uma reconstrução da infraestrutura”, disse Feasley na entrevista de novembro de 2020, depois que Biden anunciou os planos para aumentar o limite.
Trabalhar com o reassentamento de refugiados é uma oportunidade de abraçar o apelo do Papa Francisco para “acolher, proteger, promover e integrar alguns dos mais vulneráveis entre nós”, disse Feasley.
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EUA. Mantendo a promessa feita em evento jesuíta, Biden aumenta limite anual de refugiados para 125 mil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU