08 Fevereiro 2021
O Papa Francisco está preparando uma carta apostólica dedicada a Dante Alighieri, a ser publicada provavelmente em 25 de março, dia em que o Sumo Poeta começou a escrever a “Divina Comédia”. A confirmação vem do cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura.
A reportagem é de Serena Sartini, publicada por Il Giornale, 07-02-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O primeiro papa que assinou um documento magisterial sobre Dante Alighieri foi Bento XV, com a encíclica In praeclara summorum, de 30 de abril de 1921, por ocasião do sétimo centenário da sua morte. Posteriormente, Paulo VI, em 1965, publicou o motu proprio Altissimi cantus.
Agora, o Papa Francisco está preparando uma carta apostólica dedicada ao Sumo Poeta, a ser publicada provavelmente em 25 de março, dia em que Dante começou a escrever a “Divina Comédia”. A confirmação vem do cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, que lembra o que foi dito pelo pontífice argentino por ocasião da audiência com a delegação de Ravenna pelo sétimo centenário da morte do grande poeta. “Dante e a sua história como emblema para a condição humana e sobre a sua riqueza teológica e moral”, anuncia o purpurado.
Eminência, o senhor é presidente do comitê vaticano para as celebrações sobre Dante. Quais serão as iniciativas?
Temos muitas atividades ligadas a essa extraordinária figura. Assinalo duas delas acima de todas: a primeira é uma espécie de viagem, que do Inferno sobe até o Paraíso. Estamos estudando um momento de reflexão sobre a “Divina Comédia”, provavelmente para junho, nas catacumbas. É um pouco como descer aos infernos. Escritores e atores, crentes e não crentes releem e interpretam a “Divina Comédia” propondo uma atualização, em chave provocatória, de personagens e de passagens da obra, escolhidos pessoalmente.
Será uma espécie de visita guiada em etapas dentro das catacumbas, que simule o inferno dantesco. Em cada estação, um ator recitará um breve monólogo: pensamos em Carlo Verdone, Sergio Rubini, Margherita Buy, Rocco Papaleo e Alessandro Haber, que lerão alguns trechos, mas sobretudo farão uma reflexão sobre alguns pontos: como seriam hoje o Inferno, o Purgatório e o Paraíso? Se Dante tivesse vivido nos nossos dias, quais seriam os novos pecados capitais? O amor na “Divina Comédia”: amor carnal e divino. No fim, será projetado um filme encontrado na filmoteca vaticana, “L’Inferno”, de 1911.
Depois, um documento papal?
Sim, será uma carta apostólica. Seria bonito – e eu proporei ao papa – que ela fosse publicada no dia 25 de março. Instituímos um comitê científico-organizativo, do qual eu sou presidente, para aprofundar a figura e a obra do poeta na sua dimensão religiosa e cristã. As referências dos pontífices sobre o grande poeta não são poucas. Mas a carta apostólica de Francisco, por ocasião do sétimo centenário da morte de Dante, será uma reflexão sobre a mensagem atual do poeta. Certamente, o papa partirá da evocação dos textos dos pontífices anteriores (sobretudo Paulo VI) e depois desenvolverá a figura de Dante e a sua história como emblema para a condição humana e a riqueza teológica e moral do poeta.
Um ano rico em atividades para homenagear o poeta florentino?
Sim, haverá também um congresso internacional, no fim de novembro, provavelmente em colaboração com a Universidade Roma 3. A temática é a dimensão teológica, a reflexão sobre a escatologia, a teologia do além. E depois uma mostra digital sobre materiais e manuscritos aos cuidados da Biblioteca Apostólica Vaticana: cerca de 50 itens, entre manuscritos, livros impressos, incisões e também medalhas. A mostra ficará no site da Biblioteca e do Pontifício Conselho para a Cultura, para permitir aprofundamento e estudo, também com um curso didático para as escolas.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Papa “beatificará” Dante com carta apostólica sobre sua riqueza teológica. Entrevista com Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU