18 Novembro 2020
A situação é mais crítica no Maranhão, que tem um a cada cinco moradores na indigência.
A reportagem é publicada por G1, 12-11-2020.
O IBGE divulgou nesta quinta (12) um retrato das condições sociais do país em 2019. Quase 52 milhões de brasileiros vivem na pobreza.
Desigualdade: uma praga que assola o Brasil desde sempre e que criou raízes profundas.
Andressa teve o primeiro filho aos 14 anos. Hoje, aos 23, já tem quatro. Quando chove, ela, o marido e os quatro filhos têm que dormir em cima de um estrado, preso entre a janela e o muro, porque fica tudo alagado.
“Eu chorando porque eu ali em cima ouvindo as coisas caindo dentro de casa, não podendo fazer nada. Vendo cobra andando aqui. E eu com as crianças ali em cima. E grávida”, conta Andressa Nascimento, faxineira desempregada.
No extremo, onde está Andressa, os 10% mais pobres ficaram, em 2019, com menos de 1% do total de rendimentos recebidos pelas pessoas no país. No outro extremo, os 10% mais ricos ficaram com quase 43%.
Um dos mais conhecidos indicadores de desigualdade é o Índice de Gini. Ele varia de zero, que representa a perfeita igualdade, até 1, a desigualdade máxima. No Brasil, o índice ficou em 0,543. No ranking internacional da desigualdade, o Brasil ocupa a posição 156, abaixo de Botsuana, na África, Colômbia e México.
As diferenças são ainda mais cruéis quando levamos em conta a cor da pele. O rendimento médio da população branca foi de quase R$ 2 mil, enquanto os pretos e pardos ficaram com metade.
“A disparidade é muito grande e ela atinge sempre as mesmas regiões e os mesmos grupos étnicos. Eles têm condições de vida muito precárias. Uma situação difícil de você sair desse nível social para atingir um ganho social e mudar de situação de vida”, avalia Écio Costa, professor de Economia da UFPE.
O país que bate recordes na agricultura, que exporta alimentos e até aviões para o mundo, tem um uma boa parcela da sua população sem acesso ao mínimo para ter uma vida digna. Brasileiros que não têm dinheiro para morar, para se alimentar, para educar os filhos, e que parecem presos a um círculo que precisa ser quebrado.
Segundo o IBGE, o Brasil tem mais de 13 milhões de pessoas na extrema pobreza, aquelas que, de acordo com o Banco Mundial, vivem com até R$ 151 por mês. E quase 52 milhões na pobreza - com renda de até R$ 436 por mês. A situação é mais crítica no Maranhão, que tem um a cada cinco moradores na indigência.
Dona Alteliene Amorim Rodrigues, desempregada, vive em São Luís em uma palafita sem água encanada e sem banheiro.
“Eu espero que um dia eu tenha um lugar melhorzinho para que eu possa morar. Uma casa pequena, mas em um lugar bem honesto. Que seja pequena, mas de tijolos. Um banheiro, meu sonho. Por enquanto, eu estou levando”, conta.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
IBGE: Brasil tem quase 52 milhões de pessoas na pobreza e 13 milhões na extrema pobreza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU