18 Setembro 2020
"Se apenas 1% das máscaras utilizadas em um mês fossem descartadas de forma incorreta, seriam 10 milhões de máscaras por mês dispersas no meio ambiente”. O alerta do Ispra, o Centro Superior de Proteção e Pesquisa Ambiental, torna-se ainda mais vinculante com a retomada das escolas, que vão produzir mais 11 milhões por dia para serem descartadas, recomendam os especialistas do Istituto Superiore di Sanità e do ministério do Meio Ambiente, no lixo geral.
A reportagem é de Carlo Ferraioli, publicada por Business Insider, 17-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Conforme relatado por Il Sole 24 Ore, a associação francesa Opération Mer Propre (Operação Mar Limpo) estima que as águas são povoadas "mais por máscaras do que por águas-vivas". A solução para o problema seria incinerar, como recomendam as empresas de limpeza urbana. As máscaras usadas devem ser jogadas no lixo geral e não em coletores seletivos, para que o destino seja o incinerador. Mas “infelizmente, os incineradores não são suficientes, principalmente no Sul onde são uma raridade e consequentemente um grande volume de resíduos não é destruído, mas acaba em aterros ou, pior, se dispersa no meio ambiente”, alerta Chicco Testa, especialista em ecologia e presidente da Assoambiente.
“A estimativa considerada para 2020 não se refere aos dispositivos dispersados porque não poderíamos medi-los, mas aos produzidos. Estamos confiantes de que grande parte disso não acabe dispersa. Avaliamos os vários tipos de máscaras com um peso médio de 11g. Até o momento estamos abaixo dos valores apurados em maio, portanto, na faixa inferior da faixa, entre 160 e 440 estamos certamente mais próximos de 160 mil toneladas. O problema é que há regiões onde não existem usinas de incineração, então os dispositivos antiCovid deveriam ser transferidos para outro lugar”, afirma Valeria Frittelloni, responsável pelo Centro Nacional de Resíduos e Economia Circular do Ispra.
Entre setembro e outubro de 2019, a planta de geração de energia a partir de resíduos de Acerra, na província de Nápoles, ficou fechada por 35 dias para manutenção de rotina em uma turbina. A suspensão do serviço gerou uma emergência de resíduos na região com cerca de 70 mil toneladas a serem realocadas. Não só a capital, também as províncias de Salerno, Benevento, Avellino e Caserta tiveram que enfrentar uma situação anômala com inúmeros momentos de confronto entre instituições, comitês, cidadãos. No final o problema foi resolvido, mas com um alto preço para a saúde: o risco é ver outros fogos queimando entre os contêiner do lixo e desta vez não só no Sul, mas "indicações precisas foram dadas de região para região pelo Estado, o problema das usinas, portanto, deveria estar resolvido”, garante a gerente.
Alessandro Bratti, diretor do Ispra, durante audiência parlamentar explicou “que a quantidade adicional de resíduos representada por esses dispositivos de proteção não é um problema de destruição, mas de colocação, ou seja, devem ser enviados para incineradores ou usinas de produção de energia a partir de resíduos. Esses objetos devem ser queimados, não espalhados”.
No levantamento de Jacopo Giliberto no Il Sole 24 Ore constata- se também que o verdadeiro problema, segundo as empresas do setor de resíduos, seria a gestão da segurança de quem trabalha em contato com o lixo e dos funcionários das empresas coletoras urbanas”. que devem ser capazes de trabalhar com segurança com máscaras eficazes e luvas de boa proteção”.
Segundo estudo publicado pela revista Biofuels do grupo Taylor & Francis, editora com sede no Reino Unido, o plástico das máscaras poderia ser reciclado para produzir biocombustível. “Acho que para reciclagem seria preciso primeiro separar, senão como fazer? O problema é garantir que as máscaras e todos os dispositivos não sejam contaminados, mas a população não é monitorada tão de perto que isso possa ser descartado. Além disso, estamos falando de objetos, então tudo é possível, até uma eventual reciclagem”, finalizou Valeria Frittelloni.
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Alarme: máscaras no mar, mais de 160 mil toneladas de dispositivos anti-covid produzidos em 2020. Correm o risco de serem dispersos no meio ambiente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU