27 Fevereiro 2020
“Abrir mão de Trump na Quaresma me ajudará a relaxar e a ser mais pacífico. Ficarei mais feliz se fingir que ele não existe, e isso provavelmente é verdade para muitas outras pessoas.”
O comentário é de Thomas J. Reese, jesuíta estadunidense, ex-editor-chefe da revista America, dos jesuítas dos Estados Unidos, de 1998 a 2005, e autor de “O Vaticano por dentro” (Ed. Edusc, 1998), em artigo publicado por Religion News Service, 26-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Decidi fazer jejum de Donald Trump na Quaresma, o período de 40 dias entre a Quarta-Feira de Cinzas (26 de fevereiro) e o Domingo de Páscoa em que os católicos tradicionalmente fazem penitência. A maioria das pessoas abrem mão de algo que amam, como chocolate ou televisão. Outros abrem mão de algo que é ruim para elas, como fumar ou beber.
Para mim, Trump é uma ocasião de pecado que eu devo evitar. Eu preciso tirá-lo da minha mente como um pensamento sujo. Ele me deixa irritadiço, argumentativo, zangado e deprimido. Ele não é bom para a minha saúde, embora ele faça o meu coração disparar mais do que quando faço exercícios.
Não recomendo a todos que se abstenham totalmente de Trump, embora a maioria das famílias se beneficiaria ao transformar a mesa de jantar em uma “zona livre de Trump”.
A Cable News gerou bilhões de dólares com Trump, porque tanto aqueles que o amam quanto aqueles que o odeiam estarão sintonizados sempre que ele estiver ao vivo ou sendo debatido. Vou mudar de canal durante a Quaresma ou simplesmente desligar a TV.
Isso pode parecer estranho vindo de um “viciado político” com doutorado em Ciências Políticas. Mas por que me torturar? Eu não preciso de nenhuma informação a mais. Eu já sei como vou votar. Eu também voto onde o resultado da eleição está predeterminado. Graças ao Colégio Eleitoral, meu voto não fará nenhuma diferença, apesar de que vou votar, porque considero um dever cívico e moral.
A campanha também não terá importância, a menos que eu largue meu emprego, mude para um Estado indeciso e passe o resto do ano na trilha da campanha. Por inúmeras razões, isso é impossível.
Abrir mão de Trump na Quaresma me ajudará a relaxar e a ser mais pacífico. Ficarei mais feliz se fingir que ele não existe, e isso provavelmente é verdade para muitas outras pessoas.
E pense em todo o tempo extra que teríamos se abríssemos mão de Trump. Poderíamos realmente fazer algo que valha a pena com o nosso tempo, como fazer voluntariado em um abrigo ou ajudar em um programa de tutoria. Depois, há todas aquelas coisas sobre as quais falamos, mas não fazemos nada, como o aquecimento global, os refugiados e o racismo.
Eu confesso que não fiz jejum de nada na Quaresma por um longo tempo, mas, neste ano, abrir mão de Trump faz muito sentido. Afinal, é apenas por 40 dias. Ele ainda estará lá depois da Páscoa.
Provavelmente, eu não serei perfeito na minha abstinência. Não posso abrir mão das charges políticas. Elas são divertidas demais.
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Nesta Quaresma, vou fazer jejum de Trump. Artigo de Thomas Reese - Instituto Humanitas Unisinos - IHU