15 Outubro 2019
Podemos dizer que as mulheres têm começado a mostrar o rosto feminino dentro da assembleia sinodal. A força das mulheres, especialmente as indígenas, tem emocionado muitos dos participantes, que têm descoberto a importância das mulheres nesse novos caminhos, inclusive do Papa Francisco, pois “em cada fala das religiosas, das mulheres se percebe uma atenção maior da parte dele”.
Uma das representantes das superioras gerais é a Irmã Marlene Betlinski, da Congregação das Franciscanas Angelinas, que trabalha na Área Pastoral Santa Clara, no município de Monte Alegre, estado do Pará. A religiosa da diocese de Santarém destaca que “a presença feminina tem sido forte”, destacando a importância de “saber que podemos ser valorizadas cada vez mais na missão feminina dentro da Igreja”.
A religiosa está vivenciando o Sínodo como um momento de esperança, que pode gerar um maior impulso da missão da vida religiosa feminina na Amazônia, um reconhecimento de tantas mulheres que estão à frente de tantas comunidades na região.
A entrevista é de Luis Miguel Modino.
Como está percebendo a dinâmica, sobretudo desde o ponto de vista feminino, do que está acontecendo nesta primeira semana?
Está sendo muito boa, maravilhosa e guiada pelo Espírito Santo. Se percebe em todas as falas uma busca de verdade de unidade com a Igreja. A presença feminina tem sido forte, tem sido acatada por parte dos outros sinodais, dos bispos, sobretudo do Papa, em cada fala das religiosas, das mulheres, se percebe uma atenção maior da parte dele também. Isso para nós é uma grande alegria, saber que podemos ser valorizadas cada vez mais na missão feminina dentro da Igreja.
O Instrumento de Trabalho e as discussões na aula sinodal nesta primeira semana estão incidindo no reconhecimento do papel feminino. Falando sobre novos ministérios, a senhora, no lugar onde mora, sua congregação são as administradoras paroquiais.
Como essa experiência pode iluminar os padres sinodais na toma de decisões nesses novos caminhos com rosto feminino na Igreja da Amazônia?
Essa experiência vem dizer no concreto, na prática, que já está acontecendo, tanto na nossa Área Pastoral como em outras dioceses, nossa presença feminina. Há uma boa aceitação por parte dos leigos. Sobretudo na missão guiada por nós, religiosas, se valoriza muito o protagonismo dos leigos. Na minha fala, na aula sinodal, depois que falei manifestando essa experiência, vieram vários bispos e sacerdotes, elogiando, confiando e dizendo que acreditam na presença da mulher na Igreja, também como administradoras paroquiais, realizando os sacramentos possíveis a nós.
O que a senhora espera que pode mudar na vida religiosa feminina, no mundo todo, mas especialmente na Amazônia, após este Sínodo?
A esperança é grande, sobretudo para as congregações, para a vida religiosa acreditar mais, ser mais Igreja. Também as congregações que estão distantes, ir para a missão, ir para a Amazônia, se dispor ao serviço. Há tanta necessidade que a nossa presença ali, é uma presença para somar, para ajudar na evangelização. Após o Sínodo, com certeza, vai ter um reconhecimento maior dos ministérios, sabendo o lugar nosso dentro da Igreja, dar um sentido maior, e também de confiança da parte das congregações para doar-se na missão.
Podemos dizer que com o Sínodo, com o Papa Francisco, está começando, finalmente o tempo das mulheres na Igreja?
Sim, sim, as mulheres sempre estiveram na Igreja, estão à frente nas comunidades, mas esse fato de estarmos já no Sínodo já mostra que está acontecendo esse reconhecimento maior.
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“Em cada fala das mulheres se percebe uma atenção maior da parte do Papa”. Entrevista com Ir. Marlena Betlinski - Instituto Humanitas Unisinos - IHU