05 Setembro 2019
"Seguindo a linha do (Emmanuel) Macron (presidente da França) em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, (Michelle Bachelet) investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares” – Jair Bolsonaro, presidente da República – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
"Parece que quando tem gente que não tem o que fazer, como a senhora Michelle Bachelet, vai lá para cadeira de direitos humanos da ONU. Passar bem, dona Michelle" – Jair Bolsonaro, presidente da República – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
"A única coisa que tenho em comum com ela é a esposa que tem o mesmo nome. Fora isso, fora isso, meus pêsames a Michelle Bachelet" – Jair Bolsonaro, presidente da República – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“Cada novo pronunciamento do Bolsonaro é um morteiro que nos atinge. Cada nomeação esdrúxula para o governo mais estranho da nossa História parece ter sido feita especificamente para nos obrigar a usar a palavra 'esdrúxula', o que inibe qualquer reação mais séria. Temos o governo civil mais militar que o País já conheceu, para nos confundir. Aguarda-se a explicação que nosso futuro embaixador em Washington dará para isso, e em que língua” - Luís Fernando Verissimo, escritor – Zero Hora, 05-09-2019.
“Pelas pesquisas de avaliação, a popularidade do Bolsonaro e a aprovação do seu governo estão caindo. Pesquisas de opinião são enganosas, podem refletir o entusiasmo de um momento e nada mais. De qualquer maneira, nós, mesmo desorganizados, estamos começando a nos mobilizar” - Luís Fernando Verissimo, escritor – Zero Hora, 05-09-2019.
O Estado de S. Paulo, 05-09-2019
“Havia uma ideia de que a reforma da Previdência iria ensejar um aumento drástico da confiança e uma enxurrada de investimentos que iriam levar o País para cima. Nada indica que isso vá acontecer” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“É uma ideia compartilhada amplamente pelas elites brasileiras: a elite do dinheiro, a elite do poder e, até certo ponto, a elite acadêmica. A ideia é que basta que o País acerte as contas do governo, diminuindo o Estado e limitando o gasto público; melhore pouco a pouco a qualidade da educação; e construa infraestrutura com base em investimento estrangeiro para que a economia deslanche. Não há um único exemplo na história moderna, desde o século 18, de um país que tenha emergido para o primeiro plano da economia mundial dessa forma. Nunca aconteceu” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“Quando as esquerdas perderam a fé no marxismo, refugiaram-se no keynesianismo vulgar. Isso aconteceu não só no Brasil, mas no mundo. Elas acreditaram que as políticas contracíclicas, a democratização da demanda, os estímulos ao consumo produziriam o crescimento. Isso é um não projeto. É uma forma de abdicação. A alternativa a esse não projeto é outro não projeto, recomendado pelas elites, que é o projeto da obediência, da retidão fiscal” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“Esse é o momento no mundo em que o debate sobre desenvolvimento mudou de forma. Nós, no Brasil, ainda não compreendemos qual é o novo debate. O debate é o seguinte: a fórmula tradicional do crescimento, recomendada pela teoria do desenvolvimento, que vem da segunda metade do século 20, resumia-se a uma palavra: industrialização. A industrialização convencional seria o atalho para o crescimento. Teríamos de respeitar os fundamentos, as instituições, investir em educação, mas, a curto prazo, haveria essa maneira de cortar caminho. Por várias razões, esse atalho deixou de funcionar em todo o mundo. Muitos países, entre os quais o Brasil, se desindustrializaram precocemente. A indústria convencional, essa que se instalou no Sudeste do País em meados do século passado, não é mais vanguarda. É resquício de uma vanguarda anterior ou é satélite de uma nova vanguarda que chamamos de economia de conhecimento, densa em tecnologia e ciência e dirigida à inovação permanente. Qual seria a alternativa? A alternativa seria uma forma inclusiva e aprofundada dessa nova vanguarda da economia do conhecimento” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“Ninguém no mundo, até agora, desenvolveu essa alternativa includente. Mesmo nos países mais ricos, com as populações mais educadas, a economia do conhecimento existe apenas na forma de franjas excludentes, que excluem a grande maioria das empresas e dos trabalhadores. Esta é a causa profunda da estagnação econômica e do aumento da desigualdade econômica no mundo. A fórmula antiga parou de funcionar. E a nova parece inacessível. Esse é o dilema. Esse dilema só pode ser resolvido de uma maneira: transformando a tarefa aparentemente inexequível em factível, desdobrando-a em passos e em etapas. Isso é o que teríamos de fazer” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“Temos de resgatar a maior parte da força de trabalho do Brasil do inferno da informalidade e da precarização. Metade dos trabalhadores brasileiros continua trabalhando nas sombras da ilegalidade na economia informal. E, na economia formal, uma parte crescente está caindo na situação de emprego precário, temporário ou terceirizado. Não pode haver dinâmica de qualificação produtiva numa economia em que a maioria está condenada a essa insegurança econômica radical. Portanto, é preciso organizar, ao lado da legislação trabalhista existente, um novo corpo de regras que organize, represente e proteja essa maioria de informais e precarizados” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“O caminho do não-projeto é o caminho de menor resistência, que menos enfrenta os interesses dominantes e os preconceitos arraigados. É também, pela mesma razão, o caminho da falta de imaginação. A vitalidade precisa de uma aliada. A aliada da vitalidade é a imaginação. O casamento da vitalidade com a imaginação produz a grandeza. O drama do Brasil é ser conduzido por quadros afundados no colonialismo mental que acreditam que nós só podemos andar licenciados por algum dos países de referência. Nenhum país jamais, na história moderna, ascendeu assim, surfando na onda. Qual é o único exemplo? Então, o problema dessa ideia é que ela tem como premissa, antes de uma ideologia errada, uma ignorância maciça de como as coisas aconteceram no mundo” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“Não vai dar em nada. Vai dar em subjugação e atraso. Qualquer potência emergente tem de conciliar a tarefa de melhorar a sua posição na ordem mundial existente com revisionismo, ou seja, trabalhar com outros países emergentes para mudar as regras. Na relação com as grandes duas potências, os EUA e a China, não devemos nos entregar a elas. Devemos condicionar nossas relações a uma parceria na nossa qualificação produtiva e educacional. É isso que os chineses fizeram, até agora, na relação com os EUA. E é o que nós teríamos de fazer com a China e os EUA” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
“Infelizmente, um desfecho mais provável (do governo Bolsonaro) não é a crise, que enseja uma reviravolta. O desfecho mais provável é a perpetuação da mediocridade. Não nos iludamos de que podemos contar com a vinda de uma crise que vai nos libertar de nossos equívocos e das nossas abdicações. Não vai haver esse deus ex machina que vai nos redimir na forma da crise. Antes fosse. Muito mais provável é que continuemos apequenados e medíocres. Se formos sérios, se valorizarmos a vida singular e efêmera que temos, devemos nos rebelar contra a pequenez agora, sem contar com a crise” – Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro – O Estado de S. Paulo, 05-09-2019.
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