01 Mai 2019
Imagem da 56ª Assembleia, em 2018 (Foto: CNBB)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB começa nesta quarta-feira, 1º de Maio, sua 57ª Assembleia Geral em Aparecida, local do Santuário Nacional, onde são convocados os 309 bispos na ativa, que têm direito a voto, 171 eméritos, bem como administradores diocesanos e representantes de diferentes pastorais e organismos eclesiais.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
A programação destaca dois elementos, de um lado as Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora, cujo ponto central é a evangelização do mundo urbano e que irá marcar o caminho da Igreja no Brasil até 2023, e de outro a eleição da nova Presidência e os doze presidentes das Comissões Episcopais Pastorais.
Sobre as novas diretrizes, Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho, observa que "o projeto apresentado das diretrizes, ele está bem focado, acho que dá perspectivas, sim, de uma continuidade dos caminhos que a Igreja do Brasil tem feito". Ao mesmo tempo, ele reconhece que "a assembleia vai ser um momento que terá as suas divergências, as suas tensões, mas isso tudo tem que ser visto com os olhos da fé". Nesse sentido, referindo-se às palavras de Santo Agostinho, ele diz que "no essencial unidade, liberdade nas coisas secundárias e em tudo caridade".
Dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima, afirma que “a expectativa primeira é de dias de convivência, de troca de experiência e de intensa fraternidade entre nós bispos, o que renova e reforça nossa missão como pastores na Igreja do Brasil". Referindo-se às novas diretrizes afirma que nelas o foco central é a comunidade eclesial, e que "é preciso, sim, cuidar de nossas comunidades", por isso as novas diretrizes serão "um auxílio para que as nossas comunidades tenham mais vitalidade e sejam realmente o ambiente e o terreno fértil para o cultivo do Evangelho e os frutos do Espírito Santo ".
Atual presidência da CNBB. Dom Leonardo Steiner (à esquerda), Cardeal Sérgio Rocha (centro) e Dom Murilo Krieger
(Foto: CNBB)
O Arcebispo de Porto Velho disse que "não dá para fugir da responsabilidade nessa hora crítica que o país passa, não se pode ficar acima do muro". Ao falar sobre a eleição, o Presidente do Conselho Indigenista Missionário afirma que "vai ter um espírito de alinhamento com os caminhos que a CNBB tem percorrido". Dom Roque Paloschi reconhece que “a fotografia é outra e exige de nós um discernimento para ver quem é que pode conduzir os caminhos da CNBB numa perspectiva de manter o episcopado brasileiro unido e fiel também à missão que recebemos da Igreja, para sermos pastores com um coração misericordioso, com um coração amoroso, pastores que segundo a expressão do Papa, tenham cheiro das ovelhas, pastores que saibam ouvir, que saibam viver os caminhos de Jesus pobre, casto, fiel, obediente e que tenham coragem de abraçar a cruz dos pobres hoje ".
Nas eleições, Dom Marco Antonio da Silva espera que "tenhamos um clima favorável", reconhecendo que é “um elemento delicado de tratativas e ao mesmo tempo de consenso entre nós bispos para o melhor da Igreja do Brasil". A este respeito, chama para a iluminação do Espírito Santo, para que "a eleição da nova presidência revele o compromisso da CNBB, de nós bispos, com as nossas comunidades, com o Reino de Deus, para uma Igreja profética, encarnada, solidária, onde promova a justiça e, ao mesmo tempo, não se acanhe diante de ameaças que possam prejudicar o anúncio do Evangelho a exemplo de Jesus Cristo".
O bispo de Roraima insiste que é importante que "todo o serviço pastoral e evangelizador da CNBB continue no prisma do serviço a todas as nossas comunidades católicas, mas também a toda a sociedade brasileira". Para o êxito da assembleia pede a oração de todos os que estão em sintonia, que eles possam acompanhar nas diferentes mídias e assim “nos enriquecendo neste momento de comunhão e de missionariedade na Igreja do Brasil”, para que esta assembleia “revele mais uma página da Igreja do Brasil, uma Igreja missionária, profética, samaritana, uma Igreja que procura cada dia mais se encarnar na vida do nosso povo".
A situação política no Brasil e os recentes pronunciamentos do episcopado brasileiro em referência à Reforma da Previdência e outras decisões políticas recentes, fazem previsível para a nova presidência um clima de tensão com um governo que pouco se importa com os grupos mais desfavorecidos da sociedade, incluindo os povos indígenas, que estão recebendo atenção especial da Igreja no processo do Sínodo para a Amazônia, que já levou a momentos de divergências claras nos últimos meses entre os bispos e o governo atual. Tudo isso é acompanhado por ataques furiosos através das redes sociais de certos grupos católicos que não poupam os insultos e difamações contra os bispos, especialmente quando eles manifestam posições diferentes das do governo.
O Sínodo para a Amazônia, em cuja assembleia sinodal mais de sessenta bispos brasileiros participarão, deve ser outro ponto importante nas discussões episcopais dos próximos dez dias, que deve despertar a atenção entre os meios de comunicação presentes, que poderão participar das coletivas de imprensa e dos chamado Meeting Points, onde serão discutidos alguns temas de atualidade eclesial.
Em referência ao Sínodo, está previsto um encontro com Dom Wilmar Santin, bispo de Itaituba-PA, onde será abordado o tema dos novos ministérios na realidade amazônica rumo ao Sínodo 2019, aspecto que tem aparecido repetidamente durante o processo de escuta sinodal.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A eleição da Presidência e as novas diretrizes marcam a 57ª Assembleia da CNBB - Instituto Humanitas Unisinos - IHU