27 Março 2019
O Vaticano não comentou hoje a carta que o presidente do México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, disse ter mandado ao papa para exigir um pedido de desculpas pelos supostos crimes cometidos pela Igreja católica durante a conquista da América e recordou que o pontífice já pediu perdão sobre o assunto.
A reportagem foi publicada por Religión Digital, 26.03.2019. A tradução é de Graziela Wolfart.
O porta-voz interino da Santa Sé, Alessandro Gisotti, afirmou que "até o momento" não tem nenhuma informação para fornecer, mas destacou que "como já é do conhecimento de todos, o Santo Padre já se expressou com clareza sobre esta questão".
O presidente mexicano informou na segunda-feira que pediu por carta ao rei da Espanha, Felipe VI, e ao papa Francisco que se desculpem pelos abusos cometidos pelos espanhóis e pela Igreja católica durante a conquista do México atual.
Em julho de 2015, em sua viagem à Bolívia, Francisco, primeiro papa latino-americano da história, pediu "humildemente perdão" não só “pelas ofensas da própria Igreja, mas pelos crimes contra os povos originários durante a chamada conquista da América".
"Aqui quero me deter em um tema importante. Porque alguém poderá dizer, e está no seu direito, que quando o papa fala do colonialismo se esquece de certas ações da Igreja", afirmou o papa argentino em um ato com os movimentos populares em Santa Cruz de la Sierra.
Francisco reconheceu "com pesar" que "foram cometidos muitos e graves pecados contra os povos originários da América em nome de Deus".
Recordou também que já reconheceram [esses pecados] tanto seus antecessores como a Conferência Episcopal da América Latina e citou as palavras de João Paulo II, que "pediu que a Igreja se prostrasse diante de Deus e implorasse o perdão pelos pecados passados e presentes de seus filhos".
Em Santo Domingo, em 12 de outubro de 1992, o hoje santo João Paulo II pediu perdão às populações americanas pelas "injustiças" cometidas contra seus antepassados.
"A Igreja, que durante estes 500 anos tem acompanhado-os em vosso caminhar, fará tudo o que estiver ao seu alcance para que os descendentes dos antigos habitantes da América ocupem na sociedade e nas comunidades eclesiais o posto que lhes corresponde", afirmou o pontífice polaco.
Bento XVI foi duramente criticado depois de sua viagem ao Brasil em 2007 por não mencionar o período da colonização.
Por isso, aproveitou uma audiência para assinalar que "não se pode ignorar as sombras que acompanharam a evangelização do continente latino-americano", assim como o "sofrimento e as injustiças infligidos pelos colonizadores às populações indígenas".
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México. Vaticano lembra a Obrador que Papa já pediu perdão pela conquista da América - Instituto Humanitas Unisinos - IHU