22 Março 2019
Golfinhos com agrotóxicos no cérebro, e contaminações por plástico.
A reportagem é de João Lara Mesquita, publicada por El País e reproduzida por Estadão, 20-03-2019.
(Foto: PxHere)
O jornal da ciência traz matéria sobre um estudo feito pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), da Espanha, que descobriu evidências de plásticos no corpo de 11 golfinhos encontrados mortos no Mar de Alborão, parte mais ocidental do Mediterrâneo. As amostras investigadas tinham vestígios não apenas de plástico, mas também de organofosfatos (usados como agrotóxicos em plantações de alimentos) que foram encontrados na gordura, músculo, fígado e cérebro dos animais, atingindo concentrações de até 25 microgramas por grama de gordura. A fonte original da matéria, Golfinhos com agrotóxicos no cérebro, é o jornal El País.
Ethel Eljarrat, cientista do CSIC e responsável pelo trabalho, os pesquisadores foram “surpreendidos pelos altos níveis dessas substâncias detectadas pela primeira vez em mamíferos marinhos, embora já tenham sido encontrados em peixes de rio“.
Quanto mais se estuda, mais se compreende, e novos fatos vêm à tona. O lado ruim do plástico é de novo o protagonista. Vejamos o que diz a matéria: “Os cientistas acreditam que a presença dos organofosfatos nos golfinhos provavelmente ocorreu devido ao fato de que o corpo deles acumula o plástico após a ingestão – e os plásticos jogados nos oceanos estão repletos de agrotóxicos, justamente porque são usados para carregar frutas, legumes e verduras de supermercados, gerando um problema ambiental de proporções catastróficas.”
Para Ranaud de Stephanis, da Associação de Conservação, Pesquisa e Estudo de Cetáceos (CIRCE), este fato indica a necessidade de avaliar “não apenas os danos físicos, mas também seu impacto químico nos animais“ .
“Foram analisados os organofosfatos. E outras substâncias pesquisadas, que são utilizadas em plásticos para aumentar sua dureza, flexibilidade e dar-lhes cor. Existem mais de 3.000 compostos diferentes desse tipo, e pelo menos 60 são prejudiciais ao homem“, diz Eljarrat.
“Os organofosfatos começaram a ser usados nos anos 60. Quatro décadas depois o uso aumentou, até que em 2009, a Convenção de Estocolmo proibiu o uso devido à toxidade, mas mesmo assim é usado em alguns países de forma clandestina.”
Os níveis mais altos apareceram na gordura dos golfinhos, enquanto os mais baixos no fígado. Dos 12 produtos tóxicos controlados, sete chegaram ao cérebro atravessando facilmente a membrana hematoencefálica. “Isso nos preocupa porque alguns têm o potencial de causar danos neurológicos“, explicou Eljarrat. “Todos os mamíferos têm essa membrana que impede que substâncias tóxicas atinjam o cérebro, mas existem compostos que a atravessam e seus efeitos perigosos são comprovados”.
“Estes são lugares onde estamos cercados de plástico e os níveis de organofosfato são bastante altos“, disse Eljarrat. “Não é um problema apenas no Mar Alborano, é global”.
Não adianta não querer assumir nossa parte. Cada um de nós tem sua cota de responsabilidade. Não é só a indústria que produz, somos nós que compramos e usamos, espalhamos nossos rejeitos por todos os cantos do planeta. Depois…É importante reconhecer isso para, em seguida, aceitar mudar de comportamento. Somos gente demais. Quase oito bilhões de pessoas! A lotação está esgotada faz tempo. Não dá pra continuar com a mesma qualidade de vida, é preciso moderar o consumo, usar menos combustível fóssil, economizar. Mas quem se preocupa com isso, e de fato muda? Pouquíssimos, daí os golfinhos- nariz- de- garrafa, da Flórida, estarem contaminados por substâncias químicas, oriundas das casas da cidade. A matéria, agora, é da National Geographic.
“Estudos anteriores ligaram essas mesmas substâncias químicas, conhecidas como ftalatos, a certas formas de câncer e problemas reprodutivos.”
“Os golfinhos da baía de Sarasota são conhecidos por serem amigáveis e curiosos – e um atrativo para os turistas. Mas uma nova pesquisa mostra que eles não conseguem escapar dos produtos químicos produzidos pelo homem, que estão se acumulando em seus corpos e potencialmente afetando sua saúde.Um estudo publicado na revista American Geophysical Union descobriu que os ftalatos, uma classe comum de aditivos químicos encontrados em muitos dos produtos dentro de nossas casas – como plásticos, cosméticos e tintas – também estão presentes em golfinhos-nariz-de-garrafa.”
“Os ftalatos são usados para tornar os plásticos e o vinil mais macios e flexíveis. Eles são extremamente difundidos nos bens de consumo do mundo. Antes de 1999, foram encontrados em objetos infantis como chupetas, embora tenham sido proibidos em alguns brinquedos infantis. A Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA observa que pouco se sabe sobre os impactos de saúde total dos ftalatos, embora eles tenham sido encontrados na água, no solo e no ar.”
“O trabalho de Hart faz parte de um projeto em andamento para estudar os impactos dos ftalatos sobre a saúde e como eles estão dispersos em todo o ambiente. Um estudo de um composto de ftalato descobriu que quando ratos experimentaram exposição prolongada a um determinado ftalato, eles desenvolveram câncer de fígado e tiveram problemas reprodutivos.”
“Em alguns ensaios, alterar o comportamento do consumidor – pedindo-lhes para não usar produtos comuns como xampus e sabonetes que contenham ftalatos – mostrou um declínio mensurável nos traços químicos encontrados em seus corpos. Embora os cientistas ainda tenham muito a aprender sobre os perigos dos ftalatos, Hart espera identificar as maiores fontes desses produtos químicos para reduzir a exposição e quaisquer riscos relacionados à saúde.”
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Golfinhos com agrotóxicos no cérebro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU