04 Dezembro 2018
“A mudança climática também é uma questão moral e não meramente técnica”. A afirmação é do secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, enviado do Papa Francisco à conferência COP24, que começou hoje [03 de dezembro] na cidade polonesa de Katowice, com o objetivo de desenvolver um programa de trabalho sobre o Acordo de Paris de 2015 e formular diretrizes, regras e mecanismos institucionais que facilitem a implementação deste acordo sobre o clima.
A reportagem é publicada por Vatican Insider, 03-12-2018. A tradução é de André Langer.
De acordo com a Santa Sé, o programa da luta contra o aquecimento global deve ter “fundamentos éticos” e atender a três objetivos: insistir em e respeitar a dignidade humana, reduzir e eliminar a pobreza e mitigar a mudança climática de forma responsável, recordou o cardeal Parolin. Ainda é possível “limitar” o aquecimento global, afirmou, mas é necessário fazê-lo com uma “clara e decidida vontade política” que promova o mais rápido possível o processo de transição para um modelo de desenvolvimento livre de tecnologias e comportamentos que influenciem na superprodução de gases de efeito estufa.
“Para que os problemas climáticos sejam éticos” é necessário que, além dos Estados, outros “atores ofereçam um impacto”, enfatizou o cardeal. “Não temos alternativas: devemos nos comprometer para poder trabalhar em prol da construção de uma casa comum”.
Em seu discurso, de acordo com o sítio Vatican News, Parolin recordou os passos que devem ser dados para alcançar esses objetivos, a saber: a promoção de modelos de consumo e produção sustentáveis, o reforço na prevenção da especulação e da corrupção, a plena e efetiva participação das populações locais, incluindo as populações indígenas, nos processos decisórios e de execução.
Além disso, acrescentou, uma correta implementação do Acordo de Paris será eficiente na medida em que mais e melhores oportunidades de trabalho forem oferecidas, tendo presente o respeito aos direitos humanos, a proteção social e a erradicação da pobreza, com particular atenção pelas pessoas mais vulneráveis às mudanças climáticas. Esta transição requer “formação, educação e solidariedade”, disse o cardeal, que espera uma ação rápida, em um contexto de ética, equidade e justiça social, além de decisões “justas e de longo prazo” que orientem investimentos financeiros e econômicos para setores que realmente incidam no futuro da humanidade.
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