01 Outubro 2018
O Papa Francisco recebeu neste dia 28 de setembro os participantes da Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, sobre o tema: “Pentecostais, carismáticos e evangélicos: impacto no conceito de unidade”. No discurso que dirigiu a eles, o Papa agradeceu a todos pelo compromisso diário, que lhe ajuda, afirmou, a oferecer seu ministério como Bispo de Roma como "um serviço de unidade e comunhão, de diversas maneiras e formas, a todos os que creem em Cristo".
A informação é publicada por Vatican News, 28-09-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.
Depois de recordar alguns dos pontos em destaque do caminho ecumênico feito recentemente, indicou que o crescimento constante das novas expressões da vida cristã é um fenômeno muito significativo que não pode ser ignorado:
"As formas concretas das comunidades inspiradas nestes movimentos estão muitas vezes vinculadas ao contexto geográfico, cultural e social no qual que se desenvolvem, e por isso minha breve reflexão não terá presente as situações individuais, mas irá se referir ao fenômeno global".
O Pontífice assinalou o dever de "discernir e reconhecer a presença do Espírito Santo nas referidas comunidades", "buscando construir com elas vínculos de autêntica fraternidade", algo que "será possível multiplicando as oportunidades de encontro e superando a desconfiança mútua, frequentemente motivada pela ignorância ou pela falta de compreensão". E, nesse sentido, ofereceu uma experiência pessoal e um mea-culpa que remonta ao tempo em que era provincial, sobre a reunião da renovação católica:
Disse que mais do que uma reunião de oração, parecia uma “escola de samba”, não? Logo pedi desculpas. E, como bispo, tive uma boa relação com eles, com a missa na catedral.... Mas, é preciso um caminho para compreender.
Depois enumerou as diversas atividades que podem ser partilhadas, como a oração, a escuta da Palavra de Deus, o serviço aos necessitados, o anúncio do Evangelho, a defesa da dignidade da pessoa e da vida humana.
Em uma presença fraterna e recíproca, nós, católicos, poderemos aprender a apreciar a experiência de tantas comunidades que, muitas vezes de formas diferentes às quais estamos acostumados, vivem sua fé, louvam a Deus e dão testemunho ou do Evangelho ou da caridade. Ao mesmo tempo, [isso] os ajudará a superar os preconceitos em relação à Igreja católica e a reconhecer que no tesouro inestimável da tradição, recebido dos Apóstolos e conservado ao longo da história, o Espírito Santo não está de forma alguma apagado nem sufocado, mas continua atuando eficazmente.
Francisco admitiu que em muitos casos as relações entre católicos e pentecostais, carismáticos e evangélicos não são fáceis, e que o surgimento de comunidades ligadas à personalidade de alguns pastores, "contrasta fortemente com os princípios e a experiência eclesiológica das Igrejas históricas". E advertiu que isto "pode esconder a malícia de se deixar levar pelas ondas emocionais do momento e de prender a experiência da fé em ambientes protegidos e tranquilizadores".
O fato de que muitos fiéis católicos se sintam atraídos por estas comunidades é um motivo de divergência, mas pode se converter, de nossa parte, em um motivo de exame pessoal e de renovação pastoral.
"Os católicos podem aceitar aquelas riquezas que, sob a orientação do Espírito, contribuem, em larga medida, ao cumprimento da missão de anunciar o Evangelho até os confins da terra". Nesse sentido, o Papa se aprofundou sobre a novidade do Espírito Santo, e a necessidade de evitar se acomodar em posições estáticas para "abraçar o risco de se aventurar na promoção da unidade"; algo que os diálogos feitos pelo Conselho Pontifício com os pentecostais, carismáticos e evangélicos - afirmou- contribuem de maneira significativa.
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Francisco pede aos católicos e evangélicos que superem a "desconfiança mútua" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU