28 Mai 2018
Quem assinou o “j’accuse” contra Karol Wojtyla foi o New York Times, que afirmou que todos os problemas da Igreja chilena decorrem da mudança imposta nos anos 1990 pela Cúria liderada pelo papa polonês.
A reportagem é de Fai.informazione.it, 27-05-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
João Paulo II, escreveu Patricio Fernández, quis substituir uma hierarquia próxima da Teologia da Libertação por prelados conservadores – “elitistas e distantes de seu rebanho” – que não teriam sido capazes de acompanhar a entrada do país na contemporaneidade e na democracia após a ditadura de Augusto Pinochet.
Um conceito não muito diferente do assinado pelo teólogo jesuíta Jorge Costadoat: “Durante os anos 1960 e 1970, Paulo VI havia nomeado no Chile uma geração de bispos excepcionais. João Paulo II, a partir dos anos 1980, no Chile e no restante da América Latina, nomeou bispos com pouca liberdade para interpretar a doutrina da Igreja, doutrina que, em casos como a Veritatis splendor, significou um retrocesso. Eram homens sem as luzes da geração anterior, temerosos, estritamente fiéis ao governo do papa”.
O problema, portanto, torna-se ainda mais delicado para o Vaticano: não se trata apenas de avaliar os casos individuais de abuso sexual por parte de membros do clero, nem de processar toda uma Conferência Episcopal. O pedido até agora implícito da mídia, dos eclesiásticos e da opinião pública chilena é de também passar pelo crivo a operação de um papa, acima de tudo, santo.
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