27 Março 2018
A Sociedade europeia de teologia, depois das críticas do Papa emérito ao fundador: "A partir dele grande fidelidade eclesial, que facilita a pluralidade de abordagens".
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 26-03-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mesmo acolhendo e apoiando "a avaliação positiva do Papa Emérito Bento XVI sobre o trabalho e a teologia do Papa Francisco", no entanto, é forçada a notar "com pesar a crítica dirigida a um dos autores da coleção de livros que deu origem à carta, ou seja, o Professor Peter Hünermann, que é fundador, primeiro presidente e agora presidente honorário da nossa sociedade".
A réplica à carta de Ratzinger
Quem toma a defesa do teólogo contestado por Bento XVI na carta dirigida a Monsenhor Dario Edoardo Viganò, cuja publicação parcial levou à demissão do prefeito da Secretaria da Comunicação do Vaticano, é diretamente a European Society for Catholic Theology (ESCT) que pela voz da sua presidente, Marie-Jo Thiel, membro da Academia Pro Vita e diretora do Centre Européen d'Enseignement et de Recherche en Ethique da Universidade de Estrasburgo, critica por sua vez a manifestação de Joseph Ratzinger defendendo o trabalho do fundador da ESCT, ou seja, o próprio Hünermann.
O confronto sobre a infalibilidade do Papa
Bento XVI havia expressado, no terceiro parágrafo da carta enviada a Viganò (que após a divulgação da versão integral anunciou sua decisão de deixar o cargo), a sua estranheza por ver incluída na série de livros sobre Francisco uma contribuição de Hünermann que, vinte e cinco anos atrás, havia contestado a publicação da encíclica de João Paulo II Veritatis splendor, um texto que substancialmente estendia a infalibilidade papal aos pronunciamentos sobre questões éticas. Hünermann julgou essa ampliação imprópria e em descontinuidade com a tradição da Igreja. Uma crítica teológica que evidentemente Ratzinger não apreciou.
A importância da liberdade de expressão
A resposta da ESCT não entra no mérito da Veritatis splendor. Pelo contrário, além de confirmar a profundidade teológica da Hünermann, lembra a Ratzinger a legitimidade da liberdade de expressão por parte de qualquer pessoa de seu pensamento teológico, o seu direito de existência mesmo que não em total acordo com os pronunciamentos papais, em suma, a importância de liberdade de externar, que nem sempre nas décadas passadas Roma teve condições de garantir. "Acreditamos - escreve Thiel - que a fidelidade eclesial do Professor Hünermann seja irrepreensível. Foi seu zelo por uma lealdade verdadeiramente eclesial, que junto reconhece e facilita uma pluralidade de abordagens teológicas válidas, que o levou à criação da ESCT em 1989". E ainda: "Foi também o ano em que os acontecimentos políticos que estavam ocorrendo na Europa Central e Oriental garantiam nova liberdade e novas oportunidades para a cooperação teológica e eclesial".
"Nenhuma oposição ao magistério papal"
"O ESCT nunca foi concebida em oposição ao magistério pontifício. Desde a sua criação e até hoje acreditamos que tenha fornecido uma plataforma essencial pan-europeia essencial para o diálogo dos teólogos católicos de todas as disciplinas teológicas em toda a Europa. Na verdade, acreditamos que o serviço leal da ESCT à missão da Igreja tenha superado o teste do tempo e continue até hoje a facilitar uma pluralidade autenticamente católica das abordagens teológicas em resposta aos muitos e prementes desafios enfrentados pela nossa Igreja na Europa. Por tudo isso, somos muito gratos à inspiração e à profunda visão do professor Hünermann".
Leia mais
- Os 11 volumes sobre teologia de Francisco após a tempestade. O que falava o prof. Peter Hünermann um ano após a renúncia de Bento XVI?
- O que tanto irrita Bento XVI no professor Hünermann?
- Teólogos lamentam a opinião do Papa Emérito sobre Hünermann
- ''Estas são as divergências que me distanciam de Bento.'' Entrevista com Peter Hünermann
- "O Vaticano II defendeu explicitamente o pluralismo legítimo na Igreja". Entrevista especial com Peter Hünermann
- ''A canonização não é um ato de infalibilidade''. Entrevista com Peter Hünermann
- O que resta de Ratzinger. Entrevista com Peter Hünermann
- ''Não se faz teologia totalmente sozinho''. Entrevista com Marie-Jo Thiel
- A carta de Ratzinger, razão pela qual Monsenhor Viganò renunciou
- Após caso da carta de Ratzinger, Viganò renuncia
- Íntegra da carta de Bento XVI ao prefeito da Secretaria para a Comunicação
- Ratzinger. “Francisco não tem formação teológica? Um preconceito estúpido”
- O que acontece entre Francisco, Bento e Viganò, as palavras de Ravasi
- Comunicações reformadas ao estilo do Vaticano
- Qual é o significado da renúncia de Viganò. A opinião de Luigi Accattoli
- Dom Paul Tighe, o mais provável sucessor do Mons. Viganò
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Confronto no Vaticano, os teólogos europeus respondem aos ataques de Ratzinger - Instituto Humanitas Unisinos - IHU