Por: Lara Ely | 10 Janeiro 2018
Dentro de uma semana, o Papa Francisco chega ao Chile para uma visita que busca redirecionar o foco da política para os problemas internos da comunidade católica. Além disso, a ida ao país pode ajudar a Igreja chilena a recuperar a credibilidade após uma recente onda de casos de abuso sexual do clero (quatro bispos, 66 sacerdotes, diáconos, dois consagrados, seis Irmãos Maristas e uma freira compõem a lista de membros da Igreja Católica Chilena condenada pela justiça civil e canônica por abusos sexuais cometidos sob sua investidura).
Uma forte operação de segurança, composta por 300 policiais e 100 funcionários de saúde, começou na última segunda-feira na fronteira entre Argentina e Chile, diante do deslocamento de milhares de argentinos que irão testemunhar a visita do Papa Francisco em 18 de janeiro Conforme informado pelo governo da vizinha província de Mendoza em comunicado, as equipes implantadas trabalham em "garantir o fluxo de veículos e evitar acidentes" nas junções Los Libertadores e Paso Pehuenche (região do Maule). Internamente no país, a polícia também prepara a logística para os deslocamentos que serão feitos no Papamóvel, a exemplo da imagem abaixo, que mostra o percurso do primeiro dia de visita. Os demais podem ser conferidos neste site.
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Nos três dias em que ficará no país, Francisco deve ser acompanhado por mais de um milhão fiéis. As autoridades chilenas esperam que cerca de 400 mil pessoas assistam a cada uma das missas realizadas em Santiago, Temuco e Iquique, e que milhares de turistas peregrinos venham desde países como Argentina, Peru e Bolívia. A 21ª viagem internacional de Francisco, que ocorre em seu quinto ano a frente do Vaticano, ocorrerá de 15 a 22 de janeiro, levando o pontífice a percorrer mais de 30 mil quilômetros.
No dia 15, a primeira celebração do Papa no país sul-americano vai acontecer às 10h30, no Parque O’Higgins; durante a tarde, o Papa visita o Centro Penitenciário Feminino de Santiago, encontra-se com os sacerdotes, religiosos, religiosas, consagrados e seminaristas na Catedral de Santiago e com os bispos na Sacristia da Catedral. O segundo dia da visita do Papa termina com uma visita privada de Francisco ao Santuário de São Alberto Hurtado e um encontro privado com os sacerdotes da Companhia de Jesus. Na quarta-feira, dia 17, o Papa desloca-se a Temuco para presidir à celebração da Missa no aeroporto de Maquehue e encontrar-se com habitantes de Araucanía na casa Madre de la Santa Cruz. A Araucanía é a terra historicamente reivindicada pelos mapuches. Na ocasião, está previsto que ocorra protestos dos povos indígenas em relação ao desaparecimento e morte do jovem ambientalista Santiago Maldonado, após ter participado de manifestação em favor da demarcação de terras indígenas. De regresso a Santiago, Francisco encontra-se com os jovens no Santuário de Maipu antes de visitar a Pontifícia Universidade Católica do Chile, às 19h. No último dia no Chile, o Papa visita Iquique, onde celebra Missa antes de partir para o Peru, às 17h05, onde chega duas horas depois.
Antes mesmo de o ano virar, enquanto o Chile se preparava para receber o papa Francisco, seis comunidades indígenas da etnia Mapuche anunciaram a realização de protestos para exigir o retorno de suas terras de Maquehue. Segundo a mídia local, após as negociações dos indígenas com o governo chileno terem emperrado, os nativos criticaram o bispo Hector Vargas, que negou dialogar com eles.
“A repressão já começou, somos assediados pelos policiais, o Papa ainda não chegou e já estamos sendo submetidos a isso. Se o Papa é uma pessoa que vem trazer a paz, consideramos uma violência o fato de que vamos a uma terra que nos pertence e que não nos foi devolvida”, disse Albertina Urrutia, líder da comunidade indígena “Domingo Painevillo”. No dia 17, em Maquehue, está prevista a realização de uma uma missa “para o progresso dos povos”.
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Chile. País realiza últimos preparativos para visita do papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU