21 Novembro 2017
Cerca de 59 mil imigrantes haitianos que moram nos EUA vão deixar de receber o status de asilo temporário que permite que eles permaneçam legalmente no país. A alteração deve ocorrer dentro dos próximos 18 meses, abrindo a possibilidade de que eles sejam repatriados. Imigrantes haitianos receberam o status de proteção temporária em 2010, após o terremoto que devastou o país, que já era o mais pobre das Américas.
O tremor levou a morte de 200 mil pessoas, destruiu boa parte da capital, Porto Príncipe, e deixou 1,5 milhão de desabrigados.
A informação é publicada por O Estado de S.Paulo, 21-11-2017.
A proteção temporária permitia com que os haitianos trabalhassem legalmente nos EUA. A secretária interina do Departamento de Securança Interna, Elaine Duke, revisou a norma. "Desde o terremoto de 2010, o número de pessoas desabrigadas no Haiti caiu 97%. Passos significativos foram tomados para melhorar a estabilidade e qualidade de vida dos cidadão haitianos, e o Haiti está apto a receber os cidadão que retornarem", disse em nota.
Steve Forrestes, coordenador do Instituto para a Justiça e Democracia no Haiti, uma instituição baseada em Miami, disse que a decisão é uma "desgraça". "É totalmente inapropriada, dadas as condições do Haiti", disse ele. "Esse é o triunfo da ideologia sobre os fatos, porque os fatos colocados são claros e isso irá desestabilizar o Haiti e é ruim para os EUA."
Na Flórida, lar de quase meio milhão de haitianos, metade do total que imigrou para os EUA, a comunidade se prepara para fazer um protesto na terça-feira, em frente à residência de Mar-A-Lago, onde Trump costuma se hospedar.
"Venha para Mar-A-Lago e diga para a administração Trump para renovar o status temporário para os imigrantes Haitianos e da América Central, e exija asilo permanente para os filhos de imigrantes", escreveu uma mulher haitiana, moradora de Miami, no Facebook.
Temendo que o status fosse revogado, milhares de haitianos atravessaram a fronteira ao norte nos últimos meses, buscandi asilo no Canadá.
Dado a movimentação súbira, o governo do Canadá aumentou a segurança nas fronteiras e construiu moradias temporárias para melhorar a estrutura dos centros de acolhida.
A nota do Departamento de Segurança Interna disse que Duke se reuniu com o Ministro das Relações Exteriores do Haiti, Antonio Rodrigue, e com o embaixador Paul Altidor em Washington, para discutir a questão.
O departamento reitera que o período de 18 meses "vai dar tempo para que os indivíduos beneficiados pelo status possam fazer os arranjos para ir embora ou permanecer legalmente como imigrantes nos EUA, se estiverem aptos".
O prorrogação até 22 de julho de 2019 foi vista como vitória por algumas ONGs, que pressionaram o governo para que o benefício não expirasse em janeiro de 2018, como estava originalmente previsto.
Muitos dos imigrantes não tem documentos haitianos atualizados. Para trabalhar legalmente, haitianos beneficiados pelo programa terão que se reinscrever para receber documentos para uma autorização de emprego.
Como parte dos esforços do governo Trump contra a imigração ilegal, o governo vem deportando haitianos que não foram beneficiados pelo status de proteção temporária, o que gerou protestos de grupos pró-imigrantes.
A decisão também se aplica a 5.300 imigrantes niguaraguenses, que terão a proteção temporária até janeiro de 2019.
Em janeiro, o Departamento de Segurança Interna deve anunciar uma decisão a respeito do status de 200 mil imigrantes de El Salvador, o maior contingente beneficiado pela medida até agora.
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EUA acabam com asilo temporário para imigrantes haitianos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU