27 Julho 2017
Padre Vinicio Albanesi, é um "padre das ruas", é um padre que vem dedicando a sua vida ao serviço dos mais necessitados, presidente da Comunidade de Capodarco desde 1994, diplomado pela escola de jornalismo Pro Deo e fundador da Agência jornalística Redattore Sociale, mas também especialista em direito canônico pela Universidade Gregoriana.
A reportagem é de Maria Teresa Pontara Pederiva, publicada por Settimana News, 21-07-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Com o respaldo de todas essas competências, chega às livrarias um breve ensaio sobre o tema do diaconato das mulheres, um tema que voltou à atualidade a partir da frase do Papa Francisco – proferida em 12 de maio de 2016, durante um encontro com cerca de 600 participantes da assembléia plenária da União Internacional das Superioras Gerais (UISG) - "Sobre o diaconato feminino, creio que seria valiosa uma comissão para esclarecer bem isso, especialmente em relação aos primeiros dias da Igreja". Enquanto está em pleno andamento o trabalho dessa “Comissão de estudos sobre o diaconato das mulheres", logo formada pelo papa (2 de Agosto de 2016), multiplicaram-se as intervenções e os estudos que analisam a questão.
A originalidade do trabalho de Albanesi não reside em fazer um balanço da história e da teologia do diaconato, reconstruindo o caminho das diaconisas em serviço no primeiro milênio cristão, mas na coragem de tomar uma posição firme, com base nas orientações do Concílio Vaticano II que promoveu, como ele escreve, "a restauração do diaconato permanente".
A tese central do texto – que já é declarada pelo autor no Prólogo - é a concreta possibilidade de confirmação do diaconato para as mulheres.
É uma tese que vai sendo construída passo a passo, sem dispensar algumas declarações que poderiam ser chamas de técnicas: a aparente contradição das normas que regem o diaconato e a carência de uma sólida base teológica. A esse respeito chovem as perguntas: em que título o diaconato se insere no sacramento da ordem? Que sentido tem a definição de "grau"? E por que se confere faculdade às conferências episcopais: poderia ser considerado possível a não instituição do diaconato permanente? E se muitas funções agora já contam com a participação de todos os batizados do povo de Deus, que sentido faz o diaconato?
Albanesi parte das palavras de Bergoglio, em especial aquela sua ênfase sobre a necessária participação das mulheres no processo decisional no âmbito da Igreja ("Porque a mulher olha para a vida com olhos próprios e nós não podemos olhá-la dessa forma") antes de passar para a reconstrução detalhada da história do diaconato, apenas "aparentemente simples", a partir dos dados bíblicos e depois seguindo várias etapas, como a Reforma e o Concílio de Trento.
O tema das diaconisas insere-se na história com uma série de dados controversos (por exemplo: o termo "ministra" pode ser considerado equivalente a diaconisa?) e uma leitura crítica das fontes. Até a incerteza das afirmações teológicas, mesmo dos códigos e do catecismo, dentro dos quais se declara sem rodeios que o "diaconato está mal posicionado" precisamente por causa da "complicada relação entre o diaconato e o sacramento da ordem”.
E aqui surge outra questão: o diaconato propedêutico à ordem e o diaconato permanente são duas espécies diferentes do diaconato? À luz de toda essa trama tão difícil de desenredar, se o diaconato permanente for considerado como nada mais do que um ministério, não deveria ser acessível também para as mulheres?
Se, para além da Igreja das origens, alargarmos o nosso olhar para a Regra de Santa Clara ou à potestade das abadessas medievais, não parece absurdo imaginar uma nova configuração para o diaconato feminino: um diaconato com todos os direitos e os deveres dos diáconos do sexo masculino, exercendo todas as funções no âmbito litúrgico, da catequese, do governo, no respeito com as funções inerentes ao diaconato.
Albanesi está ciente de que se trata de um novo enfoque, é claro, mas que vale a pena ser percorrido.
Vinício Albanesi, Diaconato alle donne? É possibilile!, Ancora, Milano 2017, pp. 96, 13,00 €.
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Diaconato feminino? Padre que trabalha com ‘sem teto’ diz que sim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU