22 Abril 2017
Algumas declarações de um documento recente da Congregação para o Clero, intitulado “O dom da vocação presbiteral”, foram consideradas “desrespeitosas”, “ambíguas” e “um insulto” pela Association of U.S. Catholic Priests (Associação dos Padres dos Estados Unidos).
A reportagem é de Dan Morris-Young, publicada por National Catholic Reporter, 20-04-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Em nota divulgada em 19 de abril, a organização, sediada em Ohio e que conta com 1.200 membros, afirmou que “os termos ‘tendências homossexuais’ e ‘tendências homossexuais profundamente radicadas são ambíguos e desrespeitosos para com a pessoa que se identifica com uma orientação homossexual”. Os termos aparecem na seção do documento de 08-12-2016 intitulada “As pessoas com tendências homossexuais”.
“Também consideramos [esta seção] infundada e um insulto”, disse o grupo, acrescentando que o documento da Congregação para o Clero “implica que os padres com uma orientação homossexual ‘encontram-se numa situação que os dificulta de se relacionarem, de forma correta, com os homens e as mulheres’”.
A Associação dos Padres afirmou que a nota estava sendo enviada a todos os bispos americanos, à Conferência Nacional dos Diretores Vocacionais Diocesanos, à Comissão para o Clero, a Vida Consagrada e as Vocações (órgão da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos), à Convenção Nacional do Clero Católico Negro e à Associação Nacional dos Padres Hispânicos dos EUA.
“Se o documento da Congregação para o Clero tivesse afirmado que as pessoas heterossexuais e homossexuais que vivem vidas castas podem ser admitidas à ordenação ao sacerdócio, ele teria sido mais respeitoso e inclusivo. A questão do discernimento é sobre se o candidato integrou a sua identidade sexual com a fé e a espiritualidade cristã católica”, diz a nota, que foi assinada pelos 12 coordenadores da associação.
Embora aprovado pelo Papa Francisco, o documento vai contra a sua mensagem enviada no Dia Mundial da Paz 2017 e mostra-se, sempre segundo a associação, incoerente com o ensinamento da declaração “Sempre Nossos Filhos”, da Comissão para o Matrimônio e a Família”, texto produzido pela conferência episcopal americana.
No documento de dezembro de 2016, a Congregação para o Clero afirma: “A Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e às Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada ‘cultura gay’”.
No dia do lançamento, “O dom da vocação presbiteral” foi criticado em um ensaio escrito por Francis DeBernardo, diretor da organização católica pró-LGBT “New Ways Ministry”.
Vários analistas observaram que a seção sobre homossexualidade e o sacerdócio deste documento reproduz um conteúdo e uma linguagem presentes em documento de 2005 da Congregação para a Educação Católica intitulado “Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao seminário e às ordens sacras”.
Entre outros temas, o novo documento também trata do valor das vocações de indígenas e imigrantes e adverte os futuros padres contra o clericalismo.
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Grupo de padres americanos considera “um insulto” documento vaticano sobre vocações - Instituto Humanitas Unisinos - IHU